O primeiro dia do seminário de educação profissional Perspectivas futuras de um mundo em transformação, ocorrido nesta quarta-feira (9), contou com a participação de Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração da Magazine Luiza. Em entrevista exclusiva a GZH, a empresária defendeu que a escola contemporânea seja mais ativa e “faça acontecer” (confira a entrevista completa no final desta matéria). O evento é promovido pela Secretaria Estadual de Educação.
Além da palestra de Luiza, que tratou do tema “Lideranças femininas em um cenário de incertezas” e teve a participação da secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, o primeiro dia do evento contou com atividades artísticas e outros quatro painéis, que falaram sobre tendências e inovações na educação profissional, construção de políticas públicas nessa área e a participação do setor produtivo.
Também foi apresentado o projeto de um grupo de alunos uma escola estadual de Bagé, que foi a única equipe brasileira a ser selecionada em um programa da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), para construir tecnologias de exploração espacial. Eles irão para os Estados Unidos em abril para participar de um concurso.
Nesta quinta-feira (10), acontece o segundo e último dia do evento. O destaque será o painel marcado para as 9h, sobre as perspectivas da educação profissional em um mundo em transformação, que contará com a presença da superintendente do Itaú Educação e Trabalho, Ana Inoue. Haverá, ainda, atividades artísticas e outras quatro palestras e painéis. Entre os temas, estão as perspectivas de trabalho para os próximos 10 anos, a educação e o trabalho como instrumentos transformadores da sociedade, a preparação para a nova economia e a diversidade e a inclusão na educação profissional.
O seminário é gratuito e acontece presencialmente, na sede da Fecomércio-RS, e virtualmente, com transmissão pelo canal TV Seduc RS. Quem se inscrever pela plataforma Sympla poderá emitir certificado com carga horária de 20 horas.
Confira a entrevista com Luiza Trajano:
O tema de sua palestra é liderança feminina. Qual o papel dessa liderança no mercado de trabalho atual?
Primeiro a gente tem que entender o que o pós-covid acelerou. Por que a liderança feminina hoje é tão importante? Porque a gestão era muito mecânica, a vida toda foi muito mecânica, a gestão de empresas, principalmente. Você não podia levar um problema seu pra empresa, porque você é profissional, e, de repente, já vinha mudando, e eu, pelo menos, já tento mudar isso desde 1990. A covid trouxe uma mudança muito grande. As pessoas hoje querem trabalhar em uma empresa que tem propósito. De repente, o mercado financeiro veio com o ESG (conceito ligado a boas práticas ambientais, sociais e de governança), que mudou totalmente o que o mercado financeiro exigia das empresas que estão na bolsa. O que importava era resultado a curto prazo e pronto. Hoje não, eles questionam se você tem negros, se você tem mulheres, coisa que eu, pra te falar a verdade, nunca pensei que fosse ver.
As pessoas hoje querem trabalhar em uma empresa que tem propósito.
LUIZA HELENA TRAJANO
Presidente do conselho de administração da Magazine Luiza
Qual o diferencial da mulher nesse contexto?
Com essa mudança, pra uma empresa orgânica, a mulher tá muito preparada pra isso. Ela foi sempre mais orgânica do que o homem. E a minha voz é pra se unir ao homem. Agora, as professoras precisam também levar essa gestão orgânica pra dentro da escola. A professora é feminina, a maioria, e o mundo vai ser feminino, mas não só feminino, é o feminino que existe dentro de cada um, dos homens também, que é uma coisa mais orgânica, que é uma coisa mais de você pegar o que o público precisa pra fazer. E o digital trouxe isso. O digital é uma cultura, ele não é um software, ele não é um hardware, ele é uma cultura. Como a gente faz no Magazine, como a gente faz no grupo Mulheres do Brasil. A gente tem diretrizes, mas cada regional aplica de acordo com o que elas têm de necessidade. É uma gestão orgânica, e aí as professoras podem e devem levar isso. Tanto os homens precisam entender que isso vai acontecer no pós-covid, e que a mudança é grande, como as meninas precisam ter mais segurança no que elas são, pra poder não ficar com medo de enfrentar o mercado de trabalho por ser mulher.
Qual o perfil que o mercado de trabalho procura e no que a escola pode contribuir pra formar esse aluno?
São pessoas que fazem acontecer. Como eu acho que minha amiga Raquel (Teixeira, secretária de Educação do RS) está fazendo aqui na Educação com a equipe, é fazer acontecer, é experimentar, se errar redireciona o erro, se acerta, multiplica o acerto. A escola precisa ser mais ativa, cada vez mais fazer acontecer, experimentar, o aluno tomar conta da cantina, o aluno poder participar de decisões de conselho. É estar muito na ponta. É partir da ponta pra dentro, e não de dentro pra fora.