Em passagem por Porto Alegre, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou, nesta segunda-feira (21), ter cada vez menos recursos para atender as demandas das universidades federais. A fala ocorreu durante discurso do ministro na inauguração do novo prédio do Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A avaliação do ministro sobre a capacidade de investimento do Ministério da Educação (MEC) foi feita após ele anunciar a liberação de 5 R$ milhões para instalação de mobiliário no novo prédio do ICBS. A obra foi concluída, no início deste mês, após sete anos.
– Estou autorizando agora R$ 5 milhões, imediatamente, para a gente mobiliar aqui esta nossa universidade. Esse é o nosso presente. Os valores são pequenos perto dos números dos senhores, mas é o que temos hoje. O dispêndio do recurso é parcelado. São 69 universidades federais, todas elas pedindo recursos, e eu cada vez com o recurso menor. Mas hoje, diante dessa obra tão bonita, pelo menos R$ 5 milhões – disse o ministro da Educação.
Em outro trecho do seu discurso, o ministro afirmou que o Brasil viveu praticamente dois anos de lockdown (fechamento por decreto de todas as atividades não essenciais). A afirmação não corresponde à realidade, visto que as restrições mais duras para atividades comerciais não essenciais foram especialmente adotadas por Estados e municípios nos primeiros meses da pandemia, em 2020. Depois disso, houve aplicação pontual de restrições em momentos de agravamento. Em sua fala, o ministro sugeriu que, em 2022, sem restrições sanitárias, o governo terá mais dinheiro e vai ampliar os repasses.
– Também quero dizer que neste ano vamos poder ajudar um pouco mais a universidade federal, considerando que o dinheiro federal é advindo da coleta de impostos e tivemos dois anos praticamente de lockdown – acrescentou.
Repasse garante mobília no novo prédio
O valor prometido pelo ministro é suficiente para a mobília do prédio, conforme a diretora do ICBS, Ilma Simoni Brum da Silva, que comemorou o anúncio.
– Com esse recurso, vamos terminar o mobiliário do instituto. Em termos de equipamento, já temos a aquisição, mas está realmente faltando o mobiliário para esta instalação. E como são 9 mil metros quadrados em laboratórios, isso tem um custo bastante elevado – disse a diretora.
Tanto o ministro da Educação quanto o reitor da UFRGS, Carlos Bulhões, deixaram o evento de inauguração do prédio sem falar com a imprensa.
Ambos foram recebidos no local com um protesto promovido por cerca de 30 estudantes. O grupo criticava os cortes na educação que, segundo eles, são de R$ 800 milhões e o desrespeito da Reitoria à decisão do Conselho Universitário de exigir comprovação de vacinação para acesso aos ambientes físicos da UFRGS.
Instituto avalia exigência de passaporte vacinal
Em meio à celebração do novo prédio, o conselho do ICBS se reunirá, nesta quarta-feira (23), para decidir se o instituto vai exigir a apresentação de comprovante de vacinação para ingresso nas suas instalações. A diretora defende a exigência de vacinação como estratégia de proteção da saúde.
– Como cientista da área da saúde, a minha obrigação é sempre defender as melhores condições de proteção da saúde. E o passaporte vacinal nos traz em parte essa proteção, tanto para os alunos que estão vindo confiantes na universidade, quanto para nós, que damos aula e nos expomos à possível contaminação – afirmou Ilma.
A cobrança do chamado passaporte vacinal vem colocando de lados opostos diretores de unidades acadêmicas da UFRGS e a Reitoria. Na última sexta (18), em entrevista ao programa Estúdio Gaúcha, da Rádio Gaúcha, a coordenadora do Fórum dos Diretores da UFRGS, Liliane Ferrari Giordani, afirmou que a maioria das unidades acadêmicas já decidiu que haverá exigências de apresentação do comprovante de vacinação para acesso de estudantes, professores, servidores e terceirizados aos espaços físicos.
Os diretores seguem a orientação do Conselho Universitário. A Reitoria, contudo, é contrária à decisão.
Na última semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria liberando as universidades para decidiram sobre o tema passaporte vacinal. Assim, cada instituição de ensino poderá escolher se quer ou não restringir o acesso de não vacinados.
O novo ICBS em números
O novo prédio do ICBS tem 19 mil metros quadrados, 50 laboratórios e abrigará três dos cinco departamentos que fazem parte do instituto. São três andares de estacionamento, e outros três para salas de aula, laboratórios, salas administrativas, cafeteria e auditório. A obra custou R$ 55 milhões e levou sete anos para ser realizada.
Cerca de 2,3 alunos de 24 cursos de graduação, das Ciências da Saúde, Agrárias e Biológicas, passarão pelos corredores do ICBS quando as atividades presenciais forem retomadas. O novo prédio também receberá os freezers capazes de armazenar as vacinas da Pfizer contra a covid-19. Atualmente, o instituto realiza os testes de RT-PCR feitos pela universidade.
Entre os novos espaços de pesquisa, há um laboratório com Nível de Biossegurança 3 (NB3), o que significa que funcionará em um ambiente totalmente controlado. Assim, será possível realizar pesquisas com microrganismos patológicos vivos que causam doenças.