Atipicamente no meio de uma semana, os 27.437 alunos matriculados nas diferentes graduações da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) voltarão às aulas na próxima quarta-feira (19). Mas, desta vez, vai ser tudo diferente. A começar pelo fato de que, apesar de estarmos em meados de agosto, os conteúdos ainda serão referentes ao primeiro semestre — e as aulas ainda não serão presenciais.
Os meses de indefinição diante da pandemia do novo coronavírus, que atingiu em cheio todos os setores da educação, vão finalmente dar lugar ao retorno do ensino na maior universidade do Rio Grande do Sul. Enquanto instituições da rede privada, mais habituadas ao ensino remoto — e menos suscetíveis à burocracia da rede pública —, deram prosseguimento às aulas do primeiro semestre ainda em março ou abril, com adaptações emergenciais, a UFRGS, em situação similar à das principais universidades federais, só agora conseguirá implementar um plano para dar continuidade às aulas de milhares de estudantes.
O Ensino Remoto Emergencial (ERE) mobilizou reitoria, professores, servidores e técnicos na definição de uma modalidade de ensino na forma não presencial que pudesse contemplar a comunidade acadêmica. Os desafios são muitos, mas o reitor da UFRGS, Rui Vicente Oppermann, explica que tem confiança no processo:
— Procuramos viabilizar, com a maior segurança, que o ERE fosse bem recebido. Buscamos o endosso da maioria das pessoas envolvidas, assim como procuramos viabilizar a participação da comunidade de docentes, técnicos e estudantes e permitir a esses alunos o acesso adequado às plataformas — explica o reitor. — Essa é, talvez, a melhor alternativa para poder dar continuidade às aulas da graduação interrompidas durante a pandemia. Não adianta dar uma ordem que não vai ter legitimação pela comunidade. Então estamos tranquilos, porque esse é o resultado de uma construção coletiva bastante abrangente da universidade — completa Oppermann.
Assim como na rede estadual de ensino na educação básica, também no Ensino Superior federal há uma parcela significativa de alunos para quem o acesso à internet, com equipamentos adequados para acompanhar as aulas e realizar as atividades necessárias, não é uma realidade. Diante disso, o reitor da UFRGS explica que foi disponibilizado, dentro da capacidade orçamentária da universidade, auxílio emergencial para colaborar na aquisição ou melhoria de equipamentos para os alunos mais carentes.
Também o Ministério da Educação (MEC) anunciou medidas para promover o acesso à internet para alunos de universidades e institutos federais durante a pandemia. As medidas são voltadas para estudantes de famílias com renda per capita de até 1,5 salário mínimo, e, de acordo com o MEC, a expectativa é de atender inicialmente 400 mil estudantes, posteriormente chegando a um total de 1 milhão de alunos em todo o país.
Professores mobilizados
Neste período de interrupção das aulas presenciais e indefinição sobre o ensino remoto, professores das mais diversas áreas seguiram mobilizados para ensinar e aprender. Esse interesse até rendeu um livro: na sexta-feira (14), às 19h, ocorre a transmissão ao vivo do lançamento do livro digital Boas práticas para alunos no ensino remoto. Organizada pelas professoras Wendy Carraro, da Faculdade de Ciências Econômicas, e Cínthia Kulpa, da Faculdade de Arquitetura, a obra traz as percepções e recomendações de estudantes que já fizeram alguma disciplina remotamente durante a pandemia.
— As recomendações são a partir da minha turma, com a qual eu segui as aulas online. São recomendações vivenciadas por eles para que os alunos que terão agora a experiência já tenham alguma ideia. O momento é assustador para muitos, mas, bem preparados, podemos superar a expectativa e tirar bons aprendizados — descreve Wendy.
A professora explica que já fez mais de 14 oficinas compartilhando práticas pedagógicas e ferramentas tecnológicas, com a participação de mais de 500 professores. Das Engenharias à Enfermagem, da Geografia à Odontologia, centenas de docentes buscaram orientações para aperfeiçoar seus conhecimentos em preparação à transmissão de aulas online.
— Foi algo muito maior, foi transformador, para mim e certamente para quem se envolveu. Professores de diferentes áreas conectados por objetivos comuns: se aprimorar, se preparar, se encorajar para o novo, para o diferente. Todos preocupados em preparar aulas qualidade UFRGS. Este sentimento de colaboração, união, parceria, valorização, humildade e conectividade neste período tão incerto da pandemia foram combustíveis motivacionais — completa Wendy.
Já os alunos, além do depoimento de colegas que tiveram experiência com ensino remoto, também podem contar com dicas e materiais de apoio para auxiliar a oferta do ensino remoto emergencial na UFRGS, disponíveis no site ufrgs.br/ensinoremoto.
Perguntas e respostas
A UFRGS vai adotar o EAD?
O Ensino Remoto Emergencial (ERE) é diferente do Ensino a Distância (EAD). Neste momento, na UFRGS, os planos de ensino adaptados poderão prever atividades síncronas e assíncronas. As atividades síncronas que visem apresentação de conteúdo, ou outras atividades instrucionais ou avaliativas, terão seu conteúdo gravado, para que os alunos possam retornar a eles posteriormente. No caso em que as atividades síncronas não possam ser gravadas, o plano prevê que deverá ser disponibilizada atividade assíncrona de valor formativo equivalente.
No caso de disciplinas que não puderam ser convertidas para o ERE, elas podem "bloquear" a formatura de um aluno que está no último semestre?
Essa é uma questão que pode se mostrar problemática para quem pretende se formar em breve. A resolução do ERE não dispensa os alunos de cumprirem com as atividades obrigatórias do currículo do curso. Portanto, se uma disciplina não tiver sido adaptada a esse modelo, seus créditos podem ficar pendentes. No entanto, a UFRGS explica que a oferta de atividades de calouros e formandos será priorizada e que não tem conhecimento de casos de formandos impossibilitados de colar o grau em função do ensino remoto.
Ainda tenho dúvidas sobre como proceder no Ensino Remoto Emergencial (ERE). Onde posso encontrar mais informações?
A UFRGS preparou uma série de materiais com orientações a seus alunos, professores e demais servidores.
Alunos podem encontrar diversas dicas nesta página, incluindo orientações sobre o Ensino Remoto Emergencial, algumas boas práticas para alunos no ERE e materiais de ajuda sobre plataformas a serem utilizadas nesta retomada.
Servidores e gestores podem consultar esta cartilha sobre o trabalho remoto. O documento orienta sobre a importância da comunicação entre as equipes e da segurança das informações e destaca ferramentas que podem ser utilizadas no teletrabalho.