Alternativas para atenuar a perda de conteúdo por estudantes de escolas municipais gaúchas, durante a suspensão das aulas devido ao coronavírus, são adotadas pela ampla maioria das instituições. Ao todo, 94% encaminharam ou planejam enviar material de estudo remoto. No entanto, apenas 15% dessas lições chegam aos alunos pela internet. Os dados estão em um levantamento coordenado pela Federação das Associações dos Municípios do RS (Famurs), divulgado nesta segunda-feira (18).
Questionários foram encaminhados para as 497 prefeituras gaúchas, sendo que 430 participaram da pesquisa. Entre as respostas, chamou a atenção o baixo índice de interação online entre escolas, professores e estudantes.
De acordo com o vice-presidente da Famurs e prefeito de Taquari, Maneco Hassen (PT), a situação é explicada por fatores técnicos e sociais.
— Há inúmeros dos municípios em que a internet não chega no Interior. Não há abrangência. Além disso, boa parte dos alunos não dispõe dos instrumentos para acessar a internet, o que impede de enviar para os demais — relata.
Ao todo, em 38% dos municípios que responderam as perguntas, os pais ou responsáveis precisam ir até as escolas para receber as lições. Diversas outras opções são utilizadas em 48% das cidades, como o envio de material através do transporte público ou por professores que moram próximos aos alunos.
Quanto à validação das tarefas domiciliares, o levantamento mostrou que 19% das cidades pretendem considerar todos os dias da suspensão para o cálculo do ano letivo. Já 31% pretendem validar apenas alguns dias, enquanto 42% pretendem recuperar parcialmente o período em que as escolas estiverem de portões fechados. Apenas 9% pretendem recuperar todo os dias letivos, após o retorno das aulas.
Retorno
A Famurs também defende que as aulas das redes pública e privada sejam retomadas na mesma data, para evitar desequilíbrio entre os níveis de ensino:
— As escolas privadas têm determinada vantagem, pelas condições econômicas das escolas e dos alunos. A pública não dispõe disso. A pesquisa deixa escancarado.
A entidade defende que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), marcado para novembro, seja adiado. A Famurs ainda quer que o retorno às aulas presenciais no Rio Grande do Sul seja postergado, pelo menos, até a segunda quinzena de junho. O motivo é a possibilidade de o pico da covid-19 no Estado ocorrer nas próximas semanas.