Considerado um dos principais gargalos da educação brasileira, o Ensino Médio está prestes a viver uma das maiores transformações em sua história recente. A lei federal que determinou as mudanças nessa faixa de ensino foi motivo de discussões em Estados como o Rio Grande do Sul ao longo dos últimos meses e começará a entrar nas salas de aula, em etapas, entre 2020 e 2022. Outra novidade a caminho da escola é o início da implantação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) digital.
No novo Ensino Médio, o currículo será dividido em duas partes: uma geral, fundamentada na Base Nacional Comum Curricular, que engloba linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e sociais e vai compor 60% da carga horária. As únicas disciplinas obrigatórias serão português, matemática e inglês. As demais, como física, biologia ou filosofia, poderão ser oferecidas de maneira interdisciplinar, por exemplo.
Os 40% restantes do tempo serão dedicados a uma fração flexível do currículo chamada "itinerário de formação". Cada colégio poderá oferecer um itinerário diferente, determinado por meio de discussões com a comunidade escolar. A trilha escolhida poderá aprofundar uma das áreas básicas de conhecimento, como linguagens ou matemática, oferecer formação técnica e profissional ou, ainda, combinar mais de um campo de estudo para os alunos.
O diretor do Departamento de Educação da Secretaria Estadual da Educação (Seduc), Roberval Angelo Furtado, afirma que, na rede pública, cada escola gaúcha deverá oferecer ao menos duas possibilidades de itinerário: uma linha comum, presente em todos os colégios da rede, e outra a ser definida em cada comunidade escolar conforme o perfil da região.
— Ao longo de 2019, as escolas começaram a discutir quais devem ser o itinerário geral e o específico. Depois disso, já em 2020, vamos dar início à implantação das mudanças em um projeto-piloto — afirma Furtado.
No primeiro ano, serão contemplados 298 colégios. A ideia é ampliar a novidade até atingir todos os 1.086 estabelecimentos estaduais em 2022 – prazo-limite da nova legislação federal. As regras agora implementadas também preveem ampliação da carga horária anual de 800 para mil horas. Como o Rio Grande do Sul já aplica esse segundo patamar, não haverá necessidade de adaptação. Na rede particular, as alterações devem demorar um pouco mais para sair do papel.
— Ainda aguardamos algumas definições do Conselho Estadual de Educação sobre questões práticas, como quantas horas de aula precisam ser presenciais e quantas podem ser à distância. Recebemos uma orientação do conselho para não promover mudanças ainda na rede privada, embora o Estado vá começar o seu projeto-piloto no sistema público — afirma o presidente do Sindicato do Ensino Privado, Bruno Eizirik.
Outra novidade é o início da implantação do Enem digital, em que as provas de papel serão substituídas por exames virtuais em computador e outros dispositivos. O governo federal prevê um projeto-piloto voltado a cerca de 50 mil participantes que escolherem participar por meio dessa nova modalidade – até serem preenchidas todas as vagas. O objetivo é que o exame se torne inteiramente digital até 2026.
O novo Ensino Médio
Um projeto-piloto, que implementa o novo currículo do Ensino Médio, deve alcançar 298 escolas estaduais gaúchas no ano letivo de 2020.
Até 2022, deve ser contemplada toda a rede pública e privada do Estado. O novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também terá implementação experimental em 2020. Além da prova regular, prevista para 1º e 8 de novembro, haverá uma versão digital, nos dias 11 e 18 de outubro.
Nessas datas, serão aplicadas 50 mil provas digitalizadas, para os candidatos responderem as questões em computadores.
Essa quantia representa 1% dos estudantes realizando o Enem. A expectativa é de que 100% dos alunos faça a prova digital até 2026.