A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) está com inscrições abertas para o processo seletivo indígena. São oferecidas 24 vagas em 22 cursos de graduação para índios que moram em aldeias. Desde 2016, a instituição conta com esse processo seletivo específico. De acordo com o pró-reitor substituto de Graduação, Jerônimo Tybusch, de 2000 até agora, a UFSM formou 21 indígenas. Desses, 11 entraram por meio de cotas do antigo vestibular e do programa atual específico para esta comunidade. O restante acessou a universidade por meio do processo geral da UFSM ou por cotas de autodeclaração do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
Tybusch explica que o número de formados só não é maior porque o processo seletivo específico para os índios só foi implantado há três anos na instituição. Antes, o acesso da comunidade indígena era mais difícil porque as provas e as temáticas não eram direcionadas à realidade em que eles vivem. Agora, todo o processo de construção do acesso tem a participação deles:
— Esse processo tem um histórico muito interessante porque ele nasce de uma reunião que é realizada todo o ano, quando vamos abrir o edital, com as principais comunidades indígenas do Rio Grande do Sul. Nos reunimos com aproximadamente 40 caciques, representantes indígenas e integrantes da Funai. Eles apontam as necessidades para essas comunidades e acabam definindo para onde vão as vagas, para quais cursos serão abertas. Isso porque entendemos que o indígena aldeado volta para a sua comunidade e vai poder contribuir com a formação do seu povo.
O processo seletivo vai ser constituído por uma prova objetiva com 20 questões de múltipla escolha, composta pelas disciplinas de biologia, história, língua portuguesa e matemática, além de uma prova de redação relacionada à temática indígena.
— Essa prova é feita sob a supervisão e a orientação de um indígena que tem formação em Pedagogia e orienta as pessoas para elaborar essas questões da prova. Todas as questões de Ensino Médio são feitas com elementos da linguagem e cultura indígena, mais especificamente caingangue, que é a maior etnia que temos no Rio Grande do Sul — acrescentou Tybusch.
Ao longo dos três anos do processo seletivo, o pró-reitor substituto de Graduação ressalta ainda que os resultados da formação dos indígenas são notados diretamente nas aldeias das quais eles fazem parte:
— Cada ano aumenta o número de indígenas que estão se formando e eles dão um retorno direto nas aldeias das quais eles fazem parte. Vemos aqueles indígenas que se formam na área de pedagogia, medicina e odontologia, por exemplo, trabalhando para suas comunidades.
A prova objetiva e a de redação serão realizadas em 15 de dezembro, das 9h às 14h, em Santa Maria e Frederico Westphalen. As inscrições seguem abertas até 29 de novembro nesta página. O resultado será divulgado até 3 de fevereiro de 2020.
Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail copa.prograd@ufsm.br e pelo telefone (55) 3220-8187.