O reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), Rui Vicente Oppermann, contestou neste sábado (23) declarações dadas recentemente pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, de que haveria plantação e produção de drogas em universidades federais pelo país.
Em entrevista ao Jornal da Cidade Online, Weintraub disse, sem apresentar evidências, que existiriam "plantações extensivas de maconha" nas instituições brasileiras, além da produção de drogas sintéticas como metanfetamina nos laboratórios. As afirmações provocaram repúdio da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
Após o primeiro dia de provas do vestibular da UFRGS de 2019, Oppermann também criticou a visão ministerial sobre as universidades do país.
— Penso que o ministro não conhece as universidades. Ele se baseia em informações, algumas delas, desatualizadas, outras pontuais, muitas das quais não são nem verdadeiras. Se ele conhecesse as universidades, teria outra visão e, sinceramente, esperamos outra postura dele.
O reitor da UFRGS disse ainda que se sente "ofendido" com a postura do ministro:
— Nos sentimos indignados, ofendidos por uma acusação injusta e que não leva em conta o significado que as universidades públicas têm para a nossa sociedade. Fazemos muita coisa com a nossa química, mas não fazemos metanfetamina. Fazemos polímeros, químicos, uma série de produtos com o nosso polo (petroquímico), com a Petrobras, que ajudam a melhorar a vida da sociedade. É uma ofensa não só às universidades, mas à sociedade brasileira, porque ofende um patrimônio da sociedade.
Oppermann também revelou que as dificuldades econômicas deverão se manter em 2020. A UFRGS começará o ano com pelo menos R$ 15 milhões em dívidas a pagar. Além disso, apenas 60% do orçamento de cerca de R$ 1,9 bilhão estarão liberados — os 40% restantes dependerão de decisão do Congresso. Da verba da instituição, cerca de 90% vai para pagamento de pessoal.
— O ano será preocupante por duas razões. Uma é que o nosso orçamento será o mesmo deste ano, mas nossos custos serão maiores. A outra é essa divisão no orçamento feita pelo governo. O termo não é esse, mas não deixa de ser um contingenciamento — disse o reitor.