O Secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia do RS, Luís da Cunha Lamb, alertou na manhã desta quinta-feira (9), para as consequências da decisão da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de bloquear bolsas de mestrado e doutorado oferecidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Para Lamb, a situação — que foi relatada por coordenadores de programas na quarta-feira (9), é um equívoco e afeta diretamente a economia.
— Não é verdade que a gente não deve financiar a pesquisa científica tecnológica nas universidades porque é daí que vão surgir as grandes empresas do futuro — afirmou o secretário, em entrevista ao Gaúcha Atualidade — Cortar financiamento de bolsas é um equívoco de pensamento de como se constrói a tecnologia e de como se constrói a riqueza no mundo inteiro, não apenas no Brasil — completou.
Após as universidades federais já identificarem no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) os cortes que vão sofrer no orçamento em 2019, — decisão anunciada do ministro da Educação, Abraham Weintraub —, os financiamentos que estavam temporariamente sem uso foram retirados na quarta do sistema do órgão de fomento ligado ao Ministério da Educação.
Alvo de críticas de apoiadores do governo, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) teve corte total de R$ 55,83 milhões (só o valor de custeio passou de R$ 166,65 milhões para R$ 116,65 milhões) e, de acordo com o reitor Rui Vicente Oppermann, passa a viver uma situação gravíssima que inviabilizará a manutenção dos serviços essenciais até o final do ano.
— Quem consome aveia no Brasil, está consumindo aveia da UFRGS. (...) A operação que recuperou todo o solo da região noroeste onde se planta soja, — as pessoas não sabem que não era possível plantar soja na década 50 —, foi feita a partir dos pesquisadores da federal e de outras universidades da região. A gente pode citar o senso comum, a Embraer, que foi formada a partir do instituto tecnológico da aeronáutica, que é uma instituição pública — defendeu o secretário.
Segundo Lamb, a situação hoje é de "indefinição", não há como estimar se a retirada das bolsas será definitiva e qual será o impacto. O secretário, porém, projeta que pode ocorrer uma migração do que chamou de "cérebros talentosos" para outros países e enfatizou: "conhecimento é riqueza".
— No mundo inteiro, e cada vez mais, a economia vai depender das universidades. Se eu for citar as empresas de tecnologia, inicialmente elas foram financiadas pelos governos (..) Não estou nem falando da questão social, do ponto de vista econômico, a universidade tem valor imensurável para os países.