O presidente Jair Bolsonaro afirmou que pode tirar recursos de instituições de ensino que formem o que chamou de "militantes apenas". A declaração foi feita em entrevista à apresentadora Luciana Gimenez, da Rede TV, na noite de terça-feira (7), ao rebater críticas sobre cortes no orçamento de universidades federais.
— Para algumas universidades que formam militantes apenas, talvez o corte seja um pouco maior — disse o presidente, afirmando ainda que as verbas bloqueadas das universidades serão direcionadas para a educação básica, "invertendo a pirâmide".
Na semana passada, o Ministério da Educação (MEC) anunciou bloqueio de 30% da verba das instituições de ensino federais. Nas sete que funcionam no Rio Grande do Sul, o contingenciamento passa de R$ 193 milhões.
Na entrevista, Bolsonaro também aproveitou o espaço para voltar a defender a reforma da Previdência que, segundo ele, é necessária para "salvar o Brasil". O presidente disse acreditar que já tem os votos necessários para aprovar a proposta no Congresso.
— Precisamos aprovar a reforma pra que as futuras gerações possam se aposentar (…) Hoje, acredito que já temos os votos suficientes pra aprovar (a reforma) em plenário. Não tem nova, nem velha política. É uma política para atender o interesse do Brasil e dos parlamentares — completou.
Elogios aos militares do governo
Sem citar a disputa com a ala ideológica do governo, o presidente elogiou o trabalho dos militares que escolheu para o alto escalão, exceto pela falta de "tato político" de alguns deles.
— Tenho total satisfação com eles. Os militares voltaram a ter protagonismo no Brasil. O que falta para alguns deles é tato político, que estão aprendendo — afirmou.
Na conversa, gravada na segunda-feira (6), Bolsonaro também minimizou críticas ao seu governo e as atribuiu a determinado segmento da política.
— Grande parte é gente da esquerda que faz para provocar — disse.
Na entrevista, Bolsonaro também afirmou que racismo "é coisa rara no Brasil" e negou ser racista. Ele voltou a citar como exemplo uma medalha que ganhou do Exército em 1978 por ter salvo de afogamento um soldado que era negro e havia caído em uma lagoa.
— Se eu fosse racista, o negão cai dentro d'água, eu ia fazer o quê? Na segunda vez que mergulhei consegui trazer o negão do fundo da lagoa, é meu amigo até hoje (...) Racismo é coisa rara no Brasil, tentam o tempo todo jogar negro contra branco, homo contra hétero, pai contra filho. Isso é, desculpa o linguajar de um presidente da República, encher o saco —prosseguiu.