Tabata Amaral sabe bem a importância de uma oportunidade na educação. Até os 13 anos, sonhava em ser bordadeira, assim como todas as mulheres da sua família. Só ouviu falar que poderia entrar na universidade quando ganhou bolsa para estudar em uma escola privada, depois de se destacar nas olímpiadas de matemática. Perdeu o pai pelo vício em drogas e amigos por conta da violência. Mas não desistiu. Da Vila Missionária, na periferia de São Paulo, foi estudar em Harvard, nos Estados Unidos. Voltou disposta a transformar a educação no Brasil por meio da política. Participou da fundação do Acredito, um movimento criado para incluir os jovens na política e, em 2018, aos 24 anos, elegeu-se deputada federal pelo PDT, com 264 mil votos, a sexta maior votação em São Paulo. Em entrevista por telefone, a parlamentar fala sobre a falta de oportunidades para os jovens da periferia, os projetos para a educação e as críticas ao governo Bolsonaro.
Sua vida começou a mudar com a participação nas olimpíadas de matemática, quando estava no 5º ano do Ensino Fundamental. Como foi essa mudança?
A primeira grande oportunidade que tive foi na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), e eu falo dela com muito orgulho. Foi o que realmente transformou a minha vida porque, a partir da iniciativa da olímpiada e com o apoio de uma professora de matemática da escola estadual onde eu estudava, fui premiada por dois anos e ganhei uma bolsa para estudar em uma escola privada. Nessa nova escola, pela primeira vez eu vi as pessoas falando sobre profissões, sobre sonhos. Foi lá também que, pela primeira vez, alguém perguntou que faculdade eu faria. Eu não tinha uma resposta porque nunca tinham me questionado isso e eu nunca achei que fosse parte do meu destino. E foi nessa escola que tive oportunidade de participar de competições de ciências, de aprender inglês e de participar da seleção para ingresso em universidades americanas. Fui aceita em seis delas com bolsa.
Por que você optou pela formação em Ciência Política?
Fui para Harvard inicialmente para fazer Astrofísica. Mas me dei conta de que o destino daqueles que estavam ao meu redor era bem diferente. Eu já tinha perdido amigos para o vício das drogas, perdi vizinhos para a violência. E, assim que fui aceita em Harvard, perdi o meu pai para as drogas. Acho que essa convivência tão de perto com a desigualdade fez com que, no meu segundo ano, eu mudasse o curso principal de Astrofísica para Ciência Política. Então eu tenho um curso secundário em Astrofísica e intensifiquei meu ativismo na educação. As oportunidades que tive e as desigualdades que vivenciei são os grandes responsáveis pelas escolhes que eu fiz e pelo lugar onde estou hoje.
Sua trajetória pode ser usada para justificar o discurso de que basta o esforço para vencer na vida. Essa visão a incomoda?
Incomoda demais. É uma coisa que sempre tento trazer na minha fala: nunca conto a minha história sem contar a história daqueles que estavam ao meu redor, com esforço semelhante, com inteligência muito parecida, mas que nunca tiveram oportunidades e nunca, de fato, puderam sonhar e ver um mundo maior do que o da periferia onde a gente cresceu. Se minha história traz alguma lição sobre a desigualdade no Brasil, é a de que desperdiçamos o talento de muita gente. Acabamos com os sonhos de quase todo mundo. As pessoas não são livres, de fato, para sonhar e realizar. O que eu tento mostrar não é que me esforcei mais do que os demais, e sim que tive oportunidades num país em que ninguém teve. E, claro, me esforcei e trabalho muito duro. Mas não foi essa a diferença. Foram as oportunidades iniciais na educação que todo o mundo ao meu redor não teve.
Se minha história traz alguma lição sobre a desigualdade no Brasil, é a de que desperdiçamos o talento de muita gente. Acabamos com os sonhos de quase todo mundo. As pessoas não são livres, de fato, para sonhar e realizar.
TABATA AMARAL
Deputada federal (PDT-SP)
O que você trouxe como experiência do período que passou fora do Brasil?
Uma coisa muito legal de ter feito faculdade no Exterior é que pude me debruçar muito sobre a política e a educação brasileiras, na visão de fora, porque às vezes a gente precisa se afastar um pouco para pensar sobre as coisas com clareza. E foi durante a faculdade que tive a oportunidade de trabalhar na Índia com educação por dois meses, de atuar nas secretarias de Educação de Salvador, na Bahia, e de Sobral, no Ceará. Fiz também uma pesquisa de quase dois anos entendendo os fatores políticos que influenciam o ensino. Isso tudo me mostrou que o problema da educação não é técnico: é político. As decisões têm um custo político alto, e não vejo um engajamento realmente verdadeiro por parte de políticos e da sociedade em prol da educação. Quando falo da sociedade, é porque é uma sociedade que nunca teve acesso à educação. Quando sete de cada 10 adultos são analfabetos funcionais, é quase esperar por um milagre que as pessoas valorizem algo que nunca tiveram. Meus pais sempre me diziam que, na época deles, a escola pública era coisa de rico, então que bom que eu estava na escola pública. Mas como eles, sem fazer o Ensino Médio, cobrariam qualidade da minha escola? Quando falo dos políticos, é porque o custo é alto. É custoso abrir mão da indicação política para o cargo de diretor, é custoso investir na formação e na valorização dos professores.
Apesar de todos os problemas educacionais do Brasil, você considera que houve avanços?
Acho que é importante reconhecer a questão do acesso. Hoje, a gente tem perto de 100% de acesso ao Ensino Fundamental. Ainda há desafios gigantescos na pré-escola e no Ensino Médio, mas, em termos de inclusão na escola, demos um grande passo. Outra vitória é ter uma prova que leva ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que é respeitado no mundo inteiro e que permite que a gente veja quão desigual é o sistema educacional brasileiro. Isso também é um avanço, porque, no passado, essa situação sequer existia.
Ou eu fazia isso (entrava para a política) ou eu jogava a toalha. Já trabalhei com pesquisa, dei aula, trabalhei em secretaria de educação, em projeto social. Depois disso tudo, vi que (a educação) passa sempre pela questão política.
TABATA AMARAL
Deputada federal (PDT-SP)
Em meio ao descrédito dos partidos e dos políticos, por que você resolveu apostar na mudança na educação pela política?
Para ser bem sincera: ou eu fazia isso, ou jogava a toalha. Já trabalhei com pesquisa, dei aula, trabalhei em secretaria de educação, em projeto social, sou fundadora de dois movimentos sociais. Depois disso tudo, vi que há uma barreira, um limite na minha atuação. E passa sempre pela questão política. Tenho um comprometimento com a educação. Ou tento atuar onde entendo que está o problema, ou desisto. Então foi, de certa forma, algo como “não vou deixar isso me vencer”. Vou tentar resolver, por mais loucura que essa iniciativa (tornar-se política) possa parecer.
Por que decidiu concorrer a deputada federal?
Tomei a decisão bem em cima da hora. Foi na metade do ano passado, o que não é muito recomendável. Mas justamente porque é muito difícil a gente se ver nesse espaço da política. Não sendo filha de políticos, sendo mulher, jovem, da periferia. Todos esses indicadores mostravam que não era um lugar para mim. Mas é aí que está a transformação. Se eu não me candidatar, quem mais vai representar a minha comunidade? Como vou falar de mais mulheres na política, mais periféricos, mais negros, mais jovens, se não tenho coragem de colocar meu nome à disposição? Por mais que digam que esse lugar não é para a gente, por mais que possa parecer doidera, não está escrito que a gente não pode se candidatar. Então, foi bem em cima da hora, mas muita gente veio ajudar. Eu não estava ali pela política em si, nunca sonhei em ser política. Até os 13 anos, sonhava em ser bordadeira, como todas as mulheres da minha família. Acho que as pessoas perceberam isso: foram mais de 5 mil voluntários e centenas de doações (para a campanha). Essas pessoas fizeram a candidatura, com tão pouco tempo, acontecer.
Você também liderou o movimento Acredito, que prega a participação dos jovens no processo político. Como foi isso?
Sou uma das fundadoras do Acredito, e o que a gente queria é isso: ter um Congresso mais com a cara do Brasil. A gente está hoje na maioria dos Estados, tivemos 28 candidatos e pelo menos um terço de mulheres participando, pessoas negras, comunidade LGBT. É um pouco de ver a política como um espaço para todos. E um movimento com pessoas que, em sua maioria, nunca haviam se candidatado. Conseguir eleger quatro (um deputado estadual, dois federais e um senador) fala um pouco dessa nova política.
Por que o PDT?
Porque é o partido da educação. É o partido do Darcy Ribeiro, do Brizola, é o partido que eu conheci quando trabalhei em Sobral, é o partido do Ciro (Gomes), que é um dos responsáveis pela transformação educacional no Ceará. Eu precisava escolher um partido que pudesse representar essas ideias da educação.
Com um país cada vez mais polarizado, você se define como uma representante da esquerda?
No Congresso, sou do campo da esquerda, do campo progressista. Mas luto muito para ir além dessa dicotomia, porque acredito que essa polarização serve a todos, menos à população. E sempre faço a provocação de que vários conceitos com os quais a gente lida hoje, como desenvolvimento sustentável, gestão eficiente, até o próprio feminismo – e me considero feminista –, não existiam quando os termos “esquerda” e “direita” apareceram. Então, entendo que o mundo ficou tão mais complexo para a gente se basear apenas nessa divisão.
Quando você retornou de Harvard, foi convidada para discursar na Câmara e, lá, afirmou que tinha o sonho de transformar a educação no Brasil. Como fazer isso?
É uma longa caminhada, e eu não tenho todas as respostas. Mas algumas coisas ficam mais evidentes conforme vou trabalhando. Uma delas é que não dá para transformar a educação sem pensar nos professores. Já tive contato com diversos sistemas de ensino pelo mundo e não vi um que não tivesse investido na formação, na valorização dos seus professores. Outra é a necessidade de um Ensino Médio mais conectado com a realidade dos jovens, que prepare para a vida, para o mercado de trabalho, para as escolhas acadêmicas. Posso falar de mais um monte de coisas, mas, em termos de políticas públicas, precisamos priorizar a educação, abrindo mão das escolhas políticas para os cargos, tomando decisões difíceis, mas necessárias. Foi isso que Singapura, Finlândia e vários outros países de referência fizeram.
Você já apresentou algum projeto nesse sentido?
Quero fazer um pouco diferente no Congresso. Há muitos rankings que medem o desempenho dos deputados pela quantidade de projetos que apresentaram. Só que muitos saem do mandato sem ter aprovado um projeto sequer. Quero ter um mandato com impacto, então, nesse primeiro momento, olhei todos os projetos que foram apresentados, especialmente aqueles de deputados que não foram reeleitos, que são bons e que estavam muito próximos de passar, mas que, pela descontinuidade das políticas, iam se perder. Estou trabalhando com esses projetos e pretendo apresentar, daqui a alguns dias, um pouco do que a gente viu e que não pode se perder. São projetos focados no financiamento da educação, na questão dos professores e no Ensino Médio. Talvez eu não apareça nos rankings de deputados com mais projetos, mas acredito que será um trabalho mais significativo.
O Ensino Médio faliu no Brasil. Os jovens já perceberam que não vale a pena fazer essa etapa, e hoje temos uma quantidade menor de estudantes terminando o Ensino Médio na idade certa do que tínhamos há dois, três anos. É o gargalo da educação pública no país.
TABATA AMARAL
Deputada federal (PDT-SP)
Como o Ensino Médio está entre as suas pautas prioritárias, que avaliação você faz da reforma dessa etapa proposta pelo governo Temer?
Acho que uma coisa boa é que a reforma trouxe uma discussão urgente de que o Ensino Médio faliu no Brasil. Os jovens já perceberam que não vale a pena fazer essa etapa, e hoje temos uma quantidade menor de estudantes terminando o Ensino Médio na idade certa do que tínhamos há dois, três anos. É o gargalo da educação pública no Brasil. Também acho positiva (a proposta) quando abre a possibilidade das trilhas, de escolher entre um caminho mais técnico, mais acadêmico (com a reforma, serão cinco itinerários formativos para a escolha dos estudantes). Mas o Brasil é um país extremamente desigual, e ainda é desigual no financiamento. A gente tem 53% dos municípios com apenas uma escola de Ensino Médio, e, nesses municípios, é obrigatório oferecer apenas duas das cinco trilhas de conhecimento. A minha preocupação é que a reforma seja implementada de modo a reduzir as oportunidades que os jovens têm. Isso tem a ver com a pressa com a qual ela foi feita, com a falta de diálogo. O que eu quero fazer em São Paulo é estar próxima do governo do Estado, cobrar, saber como essas mudanças serão implementadas, qual o plano para os pequenos municípios, como fazer com o jovem que quer estudar algo que não é oferecido perto de onde ele mora. A minha postura é de acompanhar a implementação, já que não podemos reduzir as oportunidades.
Sobre o financiamento da educação, recentemente o presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil investe demais frente aos resultados que apresenta. Você concorda?
Se tem uma coisa que todo ativista pela educação aprende logo cedo é que o problema no Brasil não é nem muito dinheiro, nem pouco dinheiro. Quando você analisa o percentual do PIB, que foi de fato a única coisa que ele (Bolsonaro) olhou, o Brasil está realmente à frente de muitos países. Então não dá para dizer que o maior problema é a falta de dinheiro para a educação. Temos problemas de distribuição, de corrupção, problemas na ponta. No entanto, dizer que não precisamos de dinheiro, também acho que não seja a situação. Há municípios que investem uma quantidade 50 vezes menor por aluno do que outros. Vamos dizer que esses municípios, para garantir a qualidade, não precisam de mais dinheiro? Vamos dizer que não precisamos valorizar a carreira do professor? Então eu acho que, sim, tem de trabalhar essa questão do financiamento, colocar o Fundo de Desenvolvimento e Manutenção da Educação Básica (Fundeb) na Constituição (a lei que criou o fundo de financiamento vence ano que vem). Tem de torná-lo mais redistributivo e tem de aumentar o repasse da União. Quando a gente fala em financiamento, precisa falar em investimento por aluno. E aí não dá para comparar o Brasil com a Alemanha, porque o Brasil sempre perde. É um pouco mais complexo do que o presidente faz parecer pelo seu Twitter.
Sou contra a grande maioria dos posicionamentos do governo, mas acho que não vale a pena gastar um segundo a mais falando sobre esses posicionamentos ideológicos. O que mais me preocupa em relação ao Ministério da Educação é a falta de propostas, de diálogo sobre o que realmente importa para a educação. Avaliação, formação de professores.
TABATA AMARAL
Deputada federal (PDT-SP)
Como você avalia os primeiros meses do governo Bolsonaro na educação?
Vale dizer aqui que sou contra a grande maioria dos posicionamentos do governo, mas acho que não vale a pena gastar um segundo a mais falando sobre esses posicionamentos ideológicos. O que mais me preocupa em relação ao Ministério da Educação (MEC) é a falta de propostas, de diálogo sobre o que realmente importa para a educação. Avaliação, formação de professores. Quando o MEC deixa de falar sobre esses temas e se concentra em questões ideológicas, eu fico preocupada. Posso discordar dos posicionamentos ideológicos do ministério, isso é um enfrentamento saudável de ideias, mas não posso ficar tranquila com a falta de propostas, do que vai ser feito pela educação. Precisamos de menos ideologia e mais gestão, mais dia a dia, porque, na educação, não dá para esperar. São mais de 50 milhões de alunos – e o que a gente vai fazer com eles?
Qual a sua opinião sobre o Escola Sem Partido?
Isso é cortina de fumaça para não falar do que importa. O Escola Sem Partido é inconstitucional, fere a liberdade do professor. É um debate que me frustra porque ele não vai adiante, mas custa um tempo preciosíssimo em que poderíamos falar de propostas para a educação.
Se você pudesse sentar em frente ao ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, o que falaria para ele?
Ministro, vamos falar de projetos? Quero entender qual é o seu posicionamento sobre a formação de professores. A gente vai ter alguma ação do MEC nesse sentido? Qual a sua visão sobre o Fundeb? É muito importante que o MEC trabalhe junto ao Congresso para que o Fundeb vá para a Constituição. Então, seria muito nessa linha: "Olha, discordamos de muitas coisas, mas vamos falar de coisas que não são nem esquerda, nem direita, mas que realmente importam para a educação". E isso é um pouco do que de fato estou tentando fazer.
É importante reconhecer a desigualdade e o quanto ela faz diferença. Mas, ainda assim, a educação é o único caminho que vale a pena. Então vale sonhar os maiores sonhos, dar tudo o que a gente tem por eles, porque, quando a gente conquista uma posição, nossa comunidade vai com a gente.
TABATA AMARAL
Deputada federal (PDT-SP)
Você vai votar a favor da reforma da Previdência?
Ainda estou estudando esse projeto. Na minha campanha e na do Ciro Gomes (que concorreu à presidente da República pelo PDT), falamos que era muito importante uma reforma da Previdência. Entendemos que a Previdência é muito desigual, mas acho que ainda está muito cedo para falar quais são os pontos do governo com os quais a gente concorda e com os quais discorda. A nossa postura é falar que defendemos uma reforma que quebre privilégios e garanta oportunidades iguais. Qualquer coisa diferente disso seremos contra, mas ainda é cedo para eu me posicionar.
Você tem enfrentado preconceito no Congresso Nacional por ser jovem e mulher?
Algumas pessoas realmente não entendem que eu possa ser deputada, porque, para elas, é muito estranho ver alguém como eu aqui. Eu contei em um artigo (Tabata tem uma coluna no site Nexo) sobre quando um deputado me perguntou durante uma votação se eu era solteira ou casada. Respondi: “Olha, deputado, o senhor não leve a mal, mas isso não importa para a minha atuação parlamentar”. Esse é um exemplo do que já enfrentei, mas aos poucos as pessoas vão se acostumando que esse é um lugar para a gente também.
Que recado você dá para o jovem da escola pública que luta por mais oportunidades?
Sempre digo, nas conversas com os jovens do Ensino Médio, que o Brasil é um país muito desigual. Para alguns de nós, a corrida vai ser mais longa. Serão menos horas de sono, mais horas em um ônibus apertado, algumas refeições com moedinhas contadas, trabalhar, dormir, estudar, tudo junto. É importante reconhecer essa desigualdade e o quanto ela faz diferença. Mas ainda assim a educação é o único caminho que vale a pena. Então vale sonhar os maiores sonhos, dar tudo o que a gente tem por eles, porque, na hora em que a gente conquista uma posição, nossa comunidade vai junto com a gente.