O deputado federal Eduardo Bolsonaro postou uma mensagem na tarde desta sexta-feira (8) em seu perfil no Twitter criticando uma suposta escolha bibliográfica do Colégio Leonardo da Vinci de Porto Alegre. A obra Abaixo a Ditadura!, escrita e ilustrada por Cláudio Martins, remonta ao período ditatorial no Brasil. Mas a escola afirmou, por meio de nota, que o livro citado nunca fez parte do acervo ou das leituras da instituição.
"Em resposta ao comentário feito através da conta no Twitter do deputado federal Eduardo Bolsonaro, o colégio Leonardo da Vinci, uma das instituições mais tradicionais e respeitadas do Rio Grande do Sul, vem a público comunicar que o livro Abaixo a Ditadura nunca fez parte de suas listas pedagógicas ou bibliotecas internas e que também nunca foi procurado por nenhuma família acerca deste assunto", informou a escola em comunicado divulgado no Facebook.
O material didático em questão relata, em linguagem voltada para crianças, como era viver na época da ditadura e ressalta o cerceamento à liberdade de expressão, bem como a perseguição sofrida por aqueles que não concordavam com o regime. O livro destaca ainda a importância da mobilização popular, como a Passeata dos Cem Mil – mobilização contra a ditadura militar – para a volta da participação dos brasileiros na vida política do país.
No tuíte, Eduardo Bolsonaro diz que o livro era destinado para estudantes do 3° ano do Ensino Fundamental e que a direção da instituição afirmou aos pais e responsáveis dos alunos que não iria retirar a obra da lista de leituras, por ela não ser cobrada em provas.
No sábado (9), em novo tuíte, o deputado federal reafirmou que a obra encontra-se disponível na rede Leonardo da Vinci. Consultada pela reportagem de GaúchaZH, a escola afirmou que mantém o teor da nota divulgada anteriormente e que não vai mais se pronunciar sobre o caso.
Nos comentários ao post do político, parte dos internautas parabenizou a escola, enquanto outros mostraram apoio ao deputado.
Sobre o autor
O título alvo da polêmica foi escrito por Martins em 2004. Natural de Juiz de Fora, Minas Gerais, o autor e ilustrador – que faleceu no ano passado aos 69 anos – iniciou sua carreira desenhando capas de livros na década de 1970. Nos anos 1980, ele começou a ilustrar obras infantis e, em 1992, passou a trabalhar também como escritor.
Martins conquistou diversos prêmios nacionais, entre eles dois Jabutis – que é um dos mais tradicionais da literatura brasileira. Ao longo da carreira, foram mais de 300 livros ilustrados e 40 escritos.