O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda (19) que dará "cartão vermelho" à presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Maria Inês Fini, negando rumores de que ela estaria cotada para comandar o Ministério da Educação em seu governo.
— Essa aí não esteve à frente da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)? É cartão vermelho, não tem nem amarelo — respondeu, em entrevista concedida em frente à sua residência, quando questionado sobre a possibilidade de nomeação de Fini.
Após a aplicação da prova deste ano, Bolsonaro fez críticas ao exame e disse que quer ter conhecimento prévio do conteúdo das questões em 2019. Em sua crítica, ele citou especificamente uma questão que abordou um dialeto da comunidade LGBT.
— (Olha) Essa prova do Enem, vão falar que eu estou implicando. Agora pelo amor de Deus. Esse tema da linguagem "particulada", aquelas pessoas, o que isso tem a ver? Vai estimular a molecada a se interessar por isso agora. No ano que vem, pode ter certeza, não vai ter questão dessa forma. Nós vamos tomar conhecimento da prova antes — disse ele, em pronunciamento em rede social.
Na entrevista desta segunda, o presidente eleito voltou a criticar o que chama de aparelhamento do Ministério da Educação, que afirmou ser "um dos mais importantes".
— Há um marxismo lá dentro que trava o Brasil — acusou. — Nos 13 anos de PT, dobrou-se o gasto em educação e a educação foi lá para baixo.
No último dia 14, Viviane Senna, presidente do Instituto Aryrton Senna e cotada para assumir o Ministério da Educação, reuniu-se em Brasília com a equipe e Jair Bolsonaro.
O encontro foi confirmado à reportagem pela assessoria do instituto por meio de nota: "O Instituto Ayrton Senna foi convidado pela equipe do governo eleito para apresentar um diagnóstico e caminhos de melhoria da educação brasileira".
Segundo pessoas que integram o gabinete de transição, o nome de Viviane é estudado para assumir a Educação do próximo governo. Ainda durante a campanha, a presidente da ONG visitou Bolsonaro em sua casa, no Rio de Janeiro.
Viviane é irmã de Ayrton Senna, piloto tricampeão brasileiro de Fórmula 1 que morreu em acidente em maio de 1994 enquanto competia na Itália. Com o objetivo de não chamar a atenção, Viviane se reuniu com o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, em uma agenda secreta, fora do escritório da transição.
A reunião teve as participações de Mozart Neves Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna, da deputada federal eleita Joice Hasselmann (PSL-SP), responsável por ter apresentado Viviane a Bolsonaro, e de integrantes do Movimento Todos pela Educação.
O nome de Viviane é avaliado como ideal por auxiliares do presidente eleito, mas pessoas próximas a ela dizem que a psicóloga ainda tem resistências em eventualmente assumir um cargo público.