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Alunos têm aulas no escuro desde o começo do ano letivo em Viamão

Situação que começou no início do ano letivo ainda deve se estender pelos próximos dois meses

Jeniffer Gularte

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Omar Freitas / Agencia RBS
Prédio chegou a ser interditado, mas direção decidiu manter as atividades para que estudantes não perdessem mais aulas

— Profe, não estou enxergando. 

Esta é uma das reclamações mais ouvidas pela professora Luciana Souza neste começo de ano letivo. Não é à toa. Os alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Erico Verissimo, no bairro Lomba do Sabão, em Viamão, começaram as aulas sem energia elétrica, e a previsão não é animadora: devem continuar assim pelos próximos dois meses. 

Um choque elétrico atingiu uma funcionária enquanto fazia a limpeza da escola no dia 23 de fevereiro. Embora ela não tenha se ferido, o acidente apontou um problema grave na fiação elétrica, que precisa ser completamente trocada. Como não se trata de uma obra emergencial e de baixo custo, o Estado precisa fazer um processo de licitação para a escolha da empresa.

O prédio chegou a ser interditado na primeira semana de aula — entre 26 de fevereiro e 2 de março. Porém, para que os 123 alunos não percam mais aulas, a direção optou por começar o ano letivo às escuras.

Por ser bem arborizada, a sombra das árvores e a falta de energia prejudica os alunos do quarto ano:

— Atrapalha a escrita deles. Quando reclamam muito, eu os coloco lado a lado, em frente ao quadro, para aproximá-los. E ainda tem os mosquitos. Trago repelente de casa para usarem. Vamos levando como dá — conta a professora.

Também dando aulas para alunos do primeiro ano, Luciana tem copiado à mão as folhas com as lições do dia para os pequenos:

— Nesta idade, eles não têm condições nem ritmo de copiar tudo do quadro. Não temos como fazer xerox, então, peço ajuda da secretária da escola e copiamos folha por folha. 

A professora do terceiro ano Isabel Cristina Nogueira Pellizone tem feito os xerox por conta própria:

— Mas já está se tornando caro.

Água congelada

Omar Freitas / Agencia RBS
Na cozinha, geladeira e outros eletrodomésticos estão desativados

As mães se organizam para que os filhos, ao menos, não fiquem sem água gelada, já que os bebedouros não funcionam. A dona de casa Fabiana Ferreira dos Santos, 41 anos, congela água em garrafas pet de dois litros para Anderson, nove anos, e Vitor, oito, matarem a sede e poderem repartir com os colegas:

— Só não mando o repelente também porque não tenho condições. Mas eles reclamam dos mosquitos e que não conseguem enxergar. 

Priscila Lemos Costa, 31 anos, mãe de Isadora, oito anos, teme pelos dias chuvosos e frios:

— Se ficar escuro, não tem como ter aula. Vai forçar como as vistas das crianças? Aqui, tudo demora quando se trata de Viamão. Meu medo é que esse prazo não seja cumprido — diz.

A vice-diretora Doris Reis está confiante de que a obra seja feita no prazo, já que o valor necessário para executá-la está na conta da escola:

— Optamos por fazer um serviço completo, que precisa de licitação, para, ali na frente, não ocorrerem problemas de novo.

Ligações irregulares agravaram situação

A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) informa que a escola teve o seu poste desligado devido a uma sobrecarga de energia elétrica, no dia 23 de fevereiro. Conforme a CEEE, havia pelo menos 15 residências no entorno do local com ligações irregulares, que prejudicavam o funcionamento adequado do fornecimento de energia para a instituição de ensino, o que acabou agravando a situação.

Segundo a Seduc, as aulas seguem mesmo sem energia elétrica devido ao pedido feito pela comunidade, durante reunião realizada no início do ano letivo.  A secretaria afirma ainda que a substituição completa do sistema elétrico da escola está sendo providenciada e o valor da obra é de R$ 50 mil. 

Questionada se não há alguma forma de acelerar a conclusão do serviço, a Seduc informou que "o processo encontra-se em finalização de projeto, e a expectativa é de que os trabalhos se iniciem em até 30 dias".


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