Ao conferir, nesta semana, o resultado que obteve no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a gaúcha Isabella Motta se surpreendeu. Apesar de ter tirado notas altas nas duas outras edições da prova das quais participou, em 2015 e 2016, a estudante de 18 anos, natural de Porto Alegre, não esperava alcançar a nota máxima na Redação aplicada na edição de 2017 do Enem.
— Eu não imaginava! Tirei 800 na primeira Redação que escrevi no Enem e 840 na segunda. Pensei que ia ser por volta de 900 nessa, mas foi mil! — comemora Isabella, uma das apenas 53 pessoas (que corresponde a 0,0011% dos 4,7 milhões de participantes presentes) que chegaram a esse resultado no país.
Ela não tenta encontrar uma explicação para ter atingido a nota máxima na Redação porque entende que todos os parâmetros são levados em conta pelos avaliadores: desde a gramática correta até a adequada apresentação de um posicionamento e a coesão entre os parágrafos, que devem se somar à proposta de uma solução para o problema apontado.
— A correção é bem equilibrada, então não tem como encontrar uma só explicação para a nota mil. É o conjunto.
O tema da Redação do Enem 2017 foi "desafios para a formação educacional de surdos no Brasil". A média obtida pelos candidatos na Redação aumentou em relação ao ano anterior — passou de 541,9 em 2016 para 558 em 2017 —, porém também cresceu a quantidade de candidatos que tiraram zero na prova. Em 2016, 292 mil estudantes (4,84% do total) receberam a nota mínima; em 2017, foram 309 mil (6,54%).
Isabella, aprovada para uma vaga no curso de Políticas Públicas no vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) — depois de ter tentado, em outros concursos, vaga também em Direito —, agora aguarda o início do processo de seleção no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que vai receber inscrições entre terça (23) e sexta-feira (26), para ver se consegue aprovação no curso de Jornalismo.