O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) divulgou, logo após o início das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) às 13h30, o tema da redação da edição deste ano: "desafios para a formação educacional de surdos no Brasil". São 6,7 milhões de inscritos para o exame, que começou neste domingo (5) com Ciências Humanas, Linguagens e Redação.
De acordo com as regras do edital, o texto deve ser dissertativo-argumentativo, com até 30 linhas. Também é preciso ser desenvolvido a partir da situação-problema e de subsídios oferecidos pelos textos motivadores.
Envolta em polêmicas neste ano antes mesmo de ser aplicada, a redação movimentou as redes sociais nesta tarde. Internautas receberam com surpresa o tema. Para a professora de pedagogia bilíngue do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines) Patrícia Rezende, quem não tem conhecimento sobre questão linguística e cultural da comunidade surda pode enfrentar dificuldades para escrever a redação. No entanto, ela comemora a proposta, que dá mais visibilidade à inclusão educacional.
— Este tema vai representar uma maior visibilidade sobre os desafios da educação de surdos neste país. Pois trata-se de um assunto polêmico porque sofremos uma política que não condiz com a qualidade de ensino para surdos. Precisamos de uma política linguística urgente neste país — avalia.
Neste ano, pela primeira vez o Enem foi disponibilizado com o recurso da videoprova traduzida em Libras.
Decisão judicial
Após decisão da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Carmen Lúcia, não será atribuída nota zero à redação do Enem que desrespeitar os direitos humanos. Ela sustentou que "não se combate a intolerância social com maior intolerância estatal". O imbróglio judicial começou no dia 26 de outubro, com a Justiça acatando pedido do grupo Escola sem Partido para que a redação não pudesse ser zerada se os direitos humanos fossem desrespeitados.
No entanto, continuam valendo os critérios de correção das cinco competências. Uma delas prevê a elaboração de uma proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos. Esse item não foi modificado pela decisão judicial. Ou seja: ferir os direitos humanos não leva à nota zero, mas certamente vai acarretar perda de pontos.
Esta é a primeira vez que a redação é aplicada no primeiro dia. Os candidatos têm cinco horas e meia para concluir a redação e as 90 questões das provas objetivas.
Veja os temas das redações dos últimos cinco anos:
2012 - Movimento imigratório para o Brasil no século 21;
2013 - Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil;
2014 - Publicidade infantil no Brasil;
2015 - A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira;
2016 - Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil.