O Ministério da Educação divulgou no início da tarde deste domingo, logo que os portões foram fechados para que as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016 tivessem início, o tema da redação. Neste ano, os candidatos precisarão escrever sobre "Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil". O texto, com no máximo 30 linhas, deve ser opinativo e organizado para a defesa de um ponto de vista, além de fundamentado com explicações e argumentos.
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O tema mantém o padrão das provas de apresentar um tema social sobre o qual milhões de jovens e adultos devem pensar. No ano passado, "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira" foi o tema, exigindo dos alunos que, além de uma análise sobre o problema, contribuíssem com uma proposta de intervenção, pensando em uma possível solução.
Na proposta deste ano, a professora do Universitário Maria Tereza Faria não vê tanta abertura para a polêmica quanto no ano passado, quando o "feminismo" da prova foi alvo de algumas críticas. Mais de 53 mil candidatos tiraram nota zero na redação em 2015.
– Acho que é um tema que não traz tantos riscos para os candidatos. Mesmo quem nunca tenha trabalhado esse assunto pode fazer uma dissertação, pelo menos, mediana. Não é um tema que surpreenda.
Para a professora de redação do Unificado Luísa Canella, o tema é bastante atual e de fácil compreensão pelos candidatos.
– Aquele aluno com mais leitura, com senso crítico, conseguirá fazer um bom texto. É um tema importante para o país: temos muitas religiões, que precisam ser respeitadas.
Tema surpreende e divide opiniões de candidatos
O tema da redação do Enem deste ano não agradou muito o estudante Edilson Medeiros, 22 anos, que fez o exame pela segunda vez. Para ele, a dissertação deveria ser sobre os últimos acontecimentos no cenário político brasileiro:
– Não achei interessante, esperava algo mais polêmico. A mídia não dá muita importância e não vemos muito no dia a dia. Pensei que seria algo mais político.
A cobradora de ônibus Aline Aliate, 32 anos, ficou surpresa com o assunto da redação. Para ela, o tema é bem pertinente, mas nada fácil de passar para o papel.
– A única polêmica do dia de hoje foi a redação. Foi complicado escrever porque religião não se discute, né? Mas acho importante falar, o pessoal não respeita – opina.
A estudante Angélica Alves, 20 anos, saiu do seu terceiro Enem satisfeita com o tema da redação:
– O tema da redação foi maravilhoso! É um tema complicado para falar entre as pessoas, mas precisamos abordar. É preciso mostrar que existem outras religiões e que não há nada de errado com isso.
As provas do Enem são compostas por quatro provas objetivas, com 45 questões de múltipla escolha cada, e uma redação. Os 8 milhões de candidatos inscritos para fazer a prova neste domingo precisarão, além de redigir um texto dissertativo, responder perguntas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias.
Tema da redação é um dos assuntos mais comentados nas redes sociais
Após o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anunciar o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano, a prova virou o assunto mais comentado nas redes sociais. No Twitter, #ComeceARedaçãoCom lidera a lista de trending topics. O tema, intolerância religiosa, também apareceu entre os top 10 da rede social.
A proposta de redação do Enem sempre vem acompanhada de textos que podem servir de motivação para que os candidatos elaborem seus próprios textos. No entanto, o estudante não deve se restringir às ideias ali apresentadas, copiar trechos ou torná-los parte de sua argumentação. Tais procedimentos podem fazer com que o candidato perca pontos na avaliação de competências. Aquele que fizer qualquer brincadeira ou deboche vai tirar zero.
As redações serão avaliadas de acordo com cinco competências: domínio da norma-padrão da língua escrita, compreensão da proposta da redação e aplicação de conceitos de diversas áreas do conhecimento para desenvolver o tema; capacidade de selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações para defender um ponto de vista; conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação e elaboração de proposta de intervenção ao problema abordado, respeitando os direitos humanos.
* Zero Hora e Rádio Gaúcha