Os buracos negros não existem - ao menos não como nós vínhamos imaginando, afirmou recentemente o físico britânico Stephen Hawking.
A força gravitacional dos buracos negros, diz a concepção mais em alta, é tão poderosa que não deixa nada escapar, nem mesmo a luz - daí que esses objetos tenham sido batizados de, vejam só, buracos negros.
Além desse "ponto de não-retorno" - o chamado "horizonte de eventos" - toda informação é completamente destruída. O problema é que a física quântica - melhor descrição de que dispomos sobre como o universo funciona a nível subatômico - nega que informação possa ser criada do nada ou destruída, quer dizer, "deletada" do universo. E esse é só um dos paradoxos em jogo.
O outro envolve uma teoria que nos últimos anos tentou explicar o funcionamento dos "cinturões de radiação" - batizados de, vejam só, radiação Hawking - nos arredores do horizonte de eventos. Físicos propuseram (resolvendo outro problemão envolvendo paradoxos com a física quântica) que os buracos negros têm "firewalls" que incineram tudo o que passa pelos cinturões, o que bate de frente com nada mais nada menos que a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, que sacramenta: você não perceberia mudança nenhuma caso cruzasse o "horizonte".
Para arrumar a casa, Hawking agora sugere que os buracos negros não têm esse tal "horizonte de eventos". "A ausência de horizontes de eventos significa que não há buracos negros, no sentido de regimes dos quais a luz não pode escapar", escreveu Hawking em um artigo publicado no mês passado.
Hawking prefere acreditar que buracos negros têm "horizontes aparentes" que apenas temporariamente aprisionam matéria e energia, que então podem ser devolvidas como radiação. Essa radiação conteria toda a informação original sobre o que caiu no buraco negro, apenas em forma radicalmente diferente.
É como se Hawking substituísse uma fronteira incendiária para lugar nenhum por uma fronteira imperceptível, mas caótica e deformadora. Esperamos que alguém possa testar isso aí!