Nas colônias altamente organizadas de abelhas, vespas e formigas, a rainha possui monopólio sobre o acasalamento: as operárias não se reproduzem na presença de uma rainha fértil. A forma como ela faz isso é de certo modo um enigma. Estudos anteriores demonstraram que a rainha usa sinais químicos para manter as operárias estéreis, todavia, as poucas substâncias químicas identificadas até agora não parecem ter relação umas com as outras.
Uma equipe internacional de pesquisadores identificou agora substâncias químicas chamadas de feromônios ̶ encontradas apenas em rainhas de vespas, abelhões e formigas do deserto ̶ que mantêm as operárias estéreis quando estão na presença de uma rainha. Os pesquisadores afirmam que essas substâncias químicas, formadas por hidrocarbonetos saturados de cadeia longa, vêm sendo usadas pelos insetos como indicador de fertilidade há 150 milhões de anos.
Os feromônios atuam inibindo o desenvolvimento dos ovários nas operárias ou evitando que depositem seus ovos caso seus ovários se desenvolvam. Entretanto, "não sabemos quais são exatamente esses processos fisiológicos", afirmou Annette Van Oystaeyen, bióloga da Universidade de Lovaina e principal autora do estudo, publicado na revista Science.
A pesquisadora e seus colegas identificaram os hidrocarbonetos por meio do estudo do esqueleto externo de diversos insetos. Os pesquisadores observaram que a rainha dessas espécies produzia uma quantidade exagerada de determinadas substâncias químicas.
Eles administraram essas substâncias em algumas operárias sem que a rainha estivesse por perto e observaram que as operárias permaneceram estéreis. Contudo, as operárias que não receberam essas substâncias tiveram sua capacidade de reprodução restaurada.