Se a Expoagas é um evento importante para apresentar as novidades do setor supermercadista gaúcho, neste ano a feira também se mostra fundamental para alimentar o ritmo de reconstrução e retomada dos negócios atingidos pela enchente de maio. Com o lema “Superação é a nossa marca”, são 700 lançamentos de produtos que podem ser conferidos nesta 41ª edição.
De acordo com dados da Associação Gaúcha dos Supermercadistas (Agas), foram 331 supermercados afetados pela catástrofe climática no Rio Grande do Sul. Além da água e da lama que alcançaram metros de altura, os supermercados também foram impactados de outra forma: com os saques durante a calamidade. É o caso da rede Codebal, de Eldorado do Sul, município mais atingido pela cheia de maio.
— Em uma das lojas entrou três metros de altura de água, na matriz foram dois metros e a loja center foi totalmente saqueada durante quatro dias — relata Roberta Barreto, diretora administrativa da rede.
Houve uma redução no quadro de funcionários da Codebal Supermercados. Das 180 vagas, 150 seguem ativas. Para Roberta, a decisão de manter a Expoagas em 2024, apesar dos percalços, traz encorajamento para o setor:
— É mais um motivo para retomar, porque o setor está em movimento, dá um gás para os negócios e visibilidade para os fornecedores.
Roberta também é presidente do núcleo jovem da Agas. Segundo conta, a entidade agiu de diferentes maneiras para auxiliar o Estado durante a enchente. Uma delas foi a criação do aplicativo Ajuda Sul, para cadastro dos supermercados atingidos, a fim de facilitar a distribuição de doações. Sobre o que tem percebido nos estandes que visitou e com os colegas com quem conversou, a diretora afirma:
— Tenho sentido que é um clima de otimismo, porque ninguém ficou parado. Por mais que as dificuldades sejam gigantes, vejo um setor muito unido em prol de todo mundo retomar.
A rede Asun Supermercados teve pelo menos quatro lojas atingidas, três totalmente e uma parcialmente. Além dos estragos por causa da inundação, também foram registrados saques.
— Eu vejo a Expoagas como um renascer. É uma coisa muito linda, muito boa. É uma resiliência. O evento mostra que não fomos derrotados — salienta o diretor da Asun Supermercados, Antônio Ortiz Romacho.
— Não demitimos nenhum funcionário. A gente perde e ganha, ter reaberto lojas já é um lucro. A vida continua — acrescenta.
Retomada também da autoestima
A empresa A.C. Müller, que comercializa produtos e maquinários para supermercados, açougues, padarias, restaurantes, entre outros, fica em Estrela, no Vale do Taquari. Mesmo tendo sido afetada pelas enchentes de setembro e novembro de 2023 e de maio deste ano, e com todo o prejuízo, não desistiu da presença na Expoagas 2024.
— A enchente de setembro foi violenta em termos de velocidade, a de novembro veio mais calma e a de maio foi catastrófica e precisamos nos retirar do local da empresa, no Centro de Estrela. O prejuízo foi de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões — relembra o proprietário Antônio Carlos Müller.
Para o empresário, mais do que a recuperação financeira, há também a retomada da autoestima.
— Estávamos pensando em desistir. Esse ano eu decidi trazer uma bandeira do Rio Grande do Sul. Somos um povo que tem garra, não desiste. A gente vem porque tem prospecção de clientes, novos contatos, e está um movimento muito bom — avalia Müller.
Dos 496 expositores, apenas dois desistiram da participação na feira. A Expoagas teve início nesta terça-feira (20) e segue até quinta-feira (22) no Centro de Evento da Fiergs, em Porto Alegre. A expectativa é de receber 60 mil visitantes e movimentar R$ 700 milhões em novos negócios.