Nesta quarta-feira (26), o Conselho Monetário Nacional (CMN) decide a meta de inflação de 2027, com a possibilidade de revisar as metas de 2025 e 2026. Perguntado se a subida da inflação atual poderá se refletir em alguma mudança nas metas já estabelecidas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad disse que, no momento, há uma pequena pressão inflacionária de curto prazo provocada pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
A política monetária do Brasil atua sob o regime de metas para a inflação, mecanismo que está em vigor desde 1999. O objetivo para a inflação é definido pelo CMN e cabe ao Banco Central (BC) adotar as medidas necessárias para alcançá-la. Segundo o BC, com a inflação sob controle e previsível, as incertezas diminuem e a economia pode crescer mais, com as pessoas conseguindo planejar seu futuro e não tendo a renda real corroída.
— O horizonte do Banco Central é de médio e longo prazo. Não faz muito sentido levar em consideração o que está acontecendo em função do Rio Grande do Sul para fins de política monetária porque o juro de hoje está afetando de 12 a 18 meses para a frente — declarou ao chegar na sede da pasta nesta terça-feira (25).
Haddad disse também que a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira pelo Banco Central (BC), reforça a interrupção, não o fim definitivo dos cortes de juros. Segundo o ministro, o documento não apresenta divergências com o comunicado divulgado após a decisão da semana passada, quando o BC manteve a taxa Selic, juros básicos da economia, em 10,5% ao ano.
— Dei uma passada de olho agora pela manhã e penso que a ata está muito aderente ao comunicado, não tem nada de muito diferente do comunicado, o que é bom — declarou Haddad ao chegar ao Ministério da Fazenda. — A ata transmite uma ideia de que está havendo uma interrupção (no ciclo de cortes da Selic) para avaliar os cenários externo e interno — acrescentou.
Em tom cauteloso, o documento informou que a “a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente, em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”. Embora não tenha mencionado diretamente a possibilidade de aumento de juros, a ata ressaltou que eventuais ajustes futuros na Selic serão ditados pelo “firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
Apesar de parte do mercado financeiro ter interpretado que a ata abre a possibilidade para eventuais elevações dos juros, Haddad disse que o documento enfatiza a pausa nos cortes, para uma tomada de decisões com base em novos dados da economia.
— Eventuais ajustes se forem necessários sempre vão acontecer, né? O que é importante frisar é que a diretoria fala em interrupção do ciclo, me parece que essa é uma diferença importante a ser salientada — destacou.