A Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) divulgou, nesta quinta-feira (6), um estudo que apresenta uma projeção do impacto da enchente ocorrida em maio no Estado. Os pesquisadores da Escola de Gestão e Negócios analisam, pela perspectiva da perda de renda, como diferentes municípios foram afetados.
Segundo os dados divulgados, até agosto deste ano, é possível que o RS perca até 4,2% do incremento da atividade econômica esperada para 2024, o que significaria, levando em conta as estimativas de expansão entre 4% e 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB), um crescimento nulo. Em valores totais, seriam R$ 27 bilhões a menos movimentados. O estudo estima, assim, que o bônus associado à supersafra deste ano seria perdido devido aos impactos da chuva. O PIB é calculado a partir da soma das riquezas produzidas por uma região. Trata-se de um indicador fundamental para verificar a atividade da economia.
Para chegar a essa estimativa, os professores da Unisinos utilizaram dois indicadores: a arrecadação de ISSQN, um imposto municipal, e dados da Rais/Caged, que mostram contratações formais por cidade. Para testar o modelo, aplicaram dados do Vale do Taquari depois da cheia de setembro de 2023.
Segundo Marcos Lélis, um dos professores responsáveis por esse estudo, a título de comparação, durante o período de pandemia, o PIB chegou a cair 3,3% no Brasil e em torno de 7% no Rio Grande do Sul, onde a situação foi piorada pelos efeitos da estiagem. No crescimento acumulado de 2021 e 2024, a perda no PIB gaúcho pode chegar a ficar 9,4% inferior à do brasileiro.
— Tudo o que estamos vendo de auxílio que está vindo é para tentar segurar esse tombo. Nos últimos três anos, já vínhamos em baixo crescimento econômico no Estado. A depender de como vai ser esse processo de reconstrução, podemos entrar em um regime ainda pior. Qual a expectativa de as empresas e famílias de continuarem no Rio Grande do Sul? Qual tamanho da emigração que teremos? Todas essas questões impactarão, nos próximos anos, nosso potencial de enfrentamento a esse tombo — avalia Lélis.
As cidades que mais tiveram queda nas atividades econômicas foram Eldorado do Sul, Muçum e Canoas, nesta ordem. Em valores absolutos, Canoas teve mais perdas, foram R$ 408 milhões apenas em maio. A projeção é que a perda até agosto alcance R$ 909 milhões. Porto Alegre teve a segunda maior queda: R$ 406 milhões em maio e até R$ 859 milhões até agosto. São Leopoldo é o terceiro nessa lista: as perdas foram de R$ 186,8 milhões no mês de maio e devem chegar a R$ 415,8 milhões até agosto.
Quando se pensa em regiões gaúchas, pegando a divisão dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes), aquela que tem, percentualmente, a maior previsão de queda na atividade econômica é o Vale do Sinos, com perda de 10,7% em maio. Já a Região Metropolitana/Delta do Jacuí, apesar de ficar em segundo lugar em termos percentuais, tem a maior perda absoluta em valores nesse mês, de R$ 732,2 milhões, seguida pelo Vale do Sinos, com R$ 686,9 milhões.
Dez maiores percentuais de quedas nas atividades econômicas em maio:
- Eldorado do Sul: -36,3%
- Muçum: -29,8%
- Canoas: -19,8%
- São Leopoldo: -18,3%
- São Sebastião do Caí: -16,3%
- Marques de Souza: -14,4%
- Relvado: -13,2%
- Cruzeiro do Sul: -11,6%
- Guaíba: -11%
- Triunfo: -10,7%
Dez maiores quedas em valores nas atividades econômicas em maio:
- Canoas: perda de R$ 408,6 milhões
- Porto Alegre: perda de R$ 406,6 milhões
- São Leopoldo: perda de R$ 186,8 milhões
- Triunfo: perda de R$ 129,9 milhões
- Guaíba: perda de R$ 85,8 milhões
- Eldorado do Sul: perda de R$ 72,4 milhões
- Lajeado: perda de R$ 35,5 milhões
- Novo Hamburgo: perda de R$ 34,8 milhões
- Rio Grande: perda de R$ 31,9 milhões
- Esteio: perda de R$ 23,5 milhões
Dez maiores projeções de queda em valores nas atividades econômicas entre maio e agosto:
- Canoas: perda de R$ 909,7 milhões
- Porto Alegre: perda de R$ 859,3 milhões
- São Leopoldo: perda de R$ 415,8 milhões
- Triunfo: perda de R$ 289,2 milhões
- Guaíba: perda de R$ 191 milhões
- Eldorado do Sul: perda de R$ 161,2 milhões
- Lajeado: perda de R$ 73,7 milhões
- Novo Hamburgo: perda de R$ 77,4 milhões
- Rio Grande: perda de R$ 71 milhões
- Esteio: perda de R$ 52,4 milhões