O governo brasileiro, que na Trilha de Finanças do G20 pautou a renegociação das dívidas de países mais pobres, está na fase final de um trabalho de consolidação dos números para também renegociar as dívidas que outras economias têm com o Brasil. A informação foi dada nesta sexta-feira (1º) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista coletiva à imprensa no gabinete da pasta na capital paulista. A proposta brasileira foi elogiada por ministros de finanças de outros países.
— Na verdade, essa questão ficou parada no governo brasileiro durante muitos anos. Não havia interesse em resolver o problema com os países devedores. E o Brasil é um dos países credores que menos crédito tem em relação a economias de mais baixa renda. Se você pegar o que a China tem a receber na África, são valores muito mais consideráveis. Mas nós estamos, nesse momento, terminando o trabalho de consolidação da dívida — informou o ministro.
De acordo com ele, este trabalho está sendo feito agora porque ao longo dos últimos anos nada foi feito neste sentido.
— Então, estamos consolidando esses números para poder sentar e negociar as dívidas. Mas seria bom que nós tivéssemos um arcabouço global. Há um problema global de dívida. Não é uma coisa restrita a alguns países — ponderou.
Segundo Haddad, se questiona muito sobre o que vai fazer com a dívida do país A ou B.
— Só para vocês terem uma ideia, o serviço da dívida da África saltou para mais de US$ 70 bilhões por ano. Imagina o continente, que tem 54 países como a África, pagar em serviço da dívida de US$ 74 bilhões por ano. Então, o problema é global. Não é um problema que o Brasil tem de enfrentar — sugeriu o ministro da Fazenda.
E é por isso, segundo ele, que o Brasil está aproveitando a presidência do G20 para levar a consideração.
— Ali estão os credores. Tanto os países credores quanto os organismos internacionais credores que têm o G20 como membros — disse Haddad.