Em 2023, o Rio Grande do Sul registrou a quarta maior renda domiciliar per capita do país. No ano anterior, o Estado ocupava a terceira posição. O rendimento domiciliar por pessoa no RS, em 2023, ficou em R$ 2.304, enquanto no Brasil o valor ficou em R$ 1.893 (veja gráfico abaixo). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os resultados na manhã desta quarta-feira (28).
Além do Distrito Federal e do Estado de São Paulo, que já superavam em 2022 a renda domiciliar per capita do RS, no último ano o Rio de Janeiro também ficou à frente do rendimento gaúcho. De acordo com os dados, o crescimento do RJ foi expressivo em 2023, o que fez com que o Estado pulasse da quinta para a terceira posição do ranking.
Cinco maiores rendas domiciliares per capita de 2023:
- Distrito Federal — R$ 3.357
- São Paulo — R$ 2.492
- Rio de Janeiro — R$ 2.367
- Rio Grande do Sul — R$ 2.304
- Santa Catarina — R$ 2.269
O coordenador da pesquisa do IBGE no Rio Grande do Sul, Walter Rodrigues, aponta dois fatores que contribuíram para a queda do Estado no ranking. Um deles é o crescimento de quase R$ 400 registrado no Rio de Janeiro, que passou a ocupar a terceira colocação. Ele também cita que em 2022 o RS cresceu R$ 300 em relação ao ano anterior, enquanto em 2023 foi registrado um aumento menor, de R$ 217.
A renda é calculada com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua e considera todas as fontes de renda, seja salário ou, por exemplo, Bolsa Família. Para tentar identificar a origem dos fatores que contribuíram com a queda de posição do RS, Walter traz uma análise dos rendimentos do trabalho registrados em 2023:
— Nos rendimentos do trabalho, em termos nominais, o Brasil teve um acréscimo de R$ 330 no rendimento médio mensal nominal do trabalho e o RS teve um acréscimo de R$ 248. Então, pela ótica do trabalho, nós ficamos abaixo do acréscimo do rendimento nominal nacional. Enquanto isso, o RJ teve um acréscimo de R$ 457.
Ele também menciona que o acréscimo do rendimento médio mensal nominal do trabalho no RS foi menor do que o registrado em todos os Estados do Sul e os principais do Sudeste. Um dos motivos desse baixo crescimento, de acordo com Rodrigues, pode ter sido a queda de pessoas ocupadas no grupamento que envolve administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, pois é um grupo que possui rendimentos altos.
Crescimento equilibrado
Apesar da queda de posição no ranking e um crescimento menor do que o registrado anteriormente, o resultado da renda domiciliar per capita do RS em 2023 é vista como positiva. O economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Oscar Frank, explica que, devido a situações adversas, pode-se considerar que o valor apresentado superou expectativas:
— Em função de tudo o que aconteceu aqui no nosso Estado, dessas duas estiagens extremamente graves e também desse excesso de chuvas, eu não vejo como sendo um resultado ruim, muito pelo contrário. Eu esperaria que a gente, inclusive, tivesse dados piores do que o apresentado, em função de tudo o que aconteceu, mas o Estado teve essa capacidade, essa resiliência, de gerar esses números que estão sendo apresentados pelo IBGE.
Essa capacidade fez com que o comportamento, que já vinha sendo registrado, da renda domiciliar per capita do RS não tivesse muita alteração. Ao analisar os valores registrados nos últimos 10 anos, é perceptível que o Estado segue acompanhando o ritmo de variação do país.
O dado de renda domiciliar per capita atende a uma demanda do Tribunal de Contas da União (TCU), segundo o instituto. O indicador serve como parâmetro para o cálculo do Fundo de Participação dos Estados.
O rendimento domiciliar per capita é a razão entre o total dos rendimentos nominais domiciliares e o total dos moradores. Esse cálculo considera os rendimentos de trabalho e de outras fontes e todos os moradores, inclusive pensionistas, empregados domésticos e parentes dos empregados domésticos.