O lucro líquido do Banrisul cresceu 11,5% em 2023, encerrando o ano em R$ 871,1 milhões. O balanço financeiro do banco gaúcho foi divulgado em coletiva na manhã desta sexta-feira (9).
O crescimento da margem financeira, o aumento das receitas e o incremento da carteira de crédito contribuíram para o resultado, sobretudo no último trimestre do ano. Nos últimos três meses de 2023, o lucro líquido do banco foi de R$ 304 milhões, 138,6% superior ao dado do trimestre imediatamente anterior e de 21% frente ao mesmo período de 2022.
O resultado, considerado “bastante confortável” pelo presidente do banco, Fernando Lemos, tem duas explicações: ajustes na tesouraria, que permitiram aumentar a margem financeira, e a equalização das carteiras de crédito que estavam inadimplentes, o que permitiu a recuperação de R$ 102 milhões em cobranças efetivadas. A margem financeira cresceu 15,3% em um ano.
— Isso devolveu alguma normalidade ao banco e temos expectativa de continuar crescendo neste próximo ano — disse Lemos.
A queda na taxa básica de juros, a Selic, reduzida pelo Banco Central ao menor patamar desde fevereiro de 2022, em 11,25% ano, vem contribuindo para este movimento, acrescentou o vice-presidente do banco, Luiz Gonzaga Veras Mota. A expectativa do mercado é de que a taxa encerre 2024 em 9%.
Em 2023, a carteira de crédito do Banrisul avançou 9,3%, para R$ 53,7 bilhões no último mês do ano. Grande parte, influenciada pelo agronegócio. A carteira de crédito rural somou R$ 11,3 bilhões no ano passado, representando incremento de 44,2% no período de um ano.
A diretoria do banco destacou que o principal pilar do Banrisul é o cliente e que seguirá “investindo pesadamente” na inteligência artificial para que o atendimento das carteiras seja cada vez mais especializado.
— O objetivo do banco é atender cada vez mais e melhor os nossos clientes, e temos uma preocupação especial com a economia do Rio Grande do Sul. Este é o foco do Banrisul — disse o presidente, citando investimentos na ordem de R$ 372,7 milhões em tecnologia para melhorar a performance dos canais digitais da instituição.
Representando Eduardo Leite, o vice-governador do Estado, Gabriel Souza, disse que os números finais do ano mostram que o Banrisul “está forte” e que o governo acerta ao direcionar que o banco tenha uma condução técnica.
Consignados
No fim de janeiro, o governo do RS limitou a cobrança de juros aplicados em empréstimos consignados de servidores públicos estaduais. Desde 1º de fevereiro, as taxas dessas operações podem ser de, no máximo, 1,76% ao mês. Em reportagem publicada no ano passado, GZH mostrou que quase metade do funcionalismo gaúcho estava recorrendo a consignados.
A decisão de estabelecer um teto para a taxa, segundo Lemos, não afetará os próximos resultados do banco, conforme publicou a colunista Marta Sfredo. Pelo contrário, será importante para que o caixa do banco “fique saudável”, avaliou o presidente:
— Foi uma medida salutar. O crédito consignado estava um pouco desequilibrado no sistema financeiro, e o estabelecimento de limites e prazos é importante para que a carteira fique saudável e os funcionários não paguem tarifas excessivamente. Para o banco, ficou alinhado e já estamos estendendo para todos os demais Poderes (Judiciário e Legislativo, Tribunal de Contas do Estado e Ministério Público).
Outros números do balanço
- O crédito imobiliário, outra carteira estratégica do Banrisul, cresceu 16% em 2023 sobre 2022.
- O lucro líquido da Banrisul Pagamentos alcançou R$ 522,9 milhões no ano, crescimento de 39,7% em relação a 2022.
- A Vero, rede de adquirência da Banrisul Pagamentos, fechou o ano passado com 140,1 mil estabelecimentos credenciados ativos. Foram 510 milhões de transações em 2023, alta de 12,6% em 12 meses. O volume transacionado somou R$ 46,5 bilhões.
- A Banrisul Seguridade alcançou lucro líquido de R$ 157,9 milhões em 2023, alta de 4,9% em relação ao ano anterior.