A recente decisão do governo do Estado de limitar a cobrança de juros de empréstimos consignados contratados pelos servidores públicos estaduais a 1,76% ao mês gerou uma dúvida no mercado: como o Banrisul concentra a maior parte das operações, que por sua vez têm bastante peso na carteira da instituição financeira, poderia afetar os resultados do banco?
Nesta sexta-feira (9) em que o maior banco público estadual apresentou os resultados de 2023, seu presidente, Fernando Lemos, assegurou que a perspectiva é oposta:
— Consideramos muito adequado para evitar o superendividamento dos funcionários públicos.
Segundo Lemos, o "ajuste" feito pelo governo estadual "interessa aos funcionários e interessa também ao banco para que a gente tenha uma carteira saudável e uma relação também saudável com os nossos clientes".
O presidente do Banrisul detalhou, ainda que a instituição decidiu ainda estender os limites aos funcionárias dos outros poderes, tanto Judiciário e Legislativo, quanto Tribunal de Contas do Estado e Ministério Público:
— Todos terão as mesmas taxas definidas pelo Estado.
Conforme os dados do balanço apresentados nesta sexta (9), o consignado representa 36,9% do total da carteira de crédito do Banrisul, o equivalente a R$ 19,7 bilhões. Mesmo assim, Lemos assegurou que o teto de juro para esse segmento não vai afetar os resultados financeiros do banco:
— Terá um impacto positivo. Positivo, sem dúvida. Porque melhorando a carteira, melhorando o lançamento, acaba melhorando o resultado do ano.
De acordo com dados obtidos pelo repórter Paulo Egídio pela Lei de Acesso à Informação (LAI), quase metade do funcionalismo gaúcho está recorrendo a empréstimos consignados, boa parte motivada pelo período de 57 meses de parcelamento de salários, entre 2015 e 2020.
*Colaborou Bruna Oliveira