A melhora nos indicadores de renda e de desigualdade tanto no Brasil quanto no Rio Grande do Sul, divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira (6) na Síntese de Indicadores Sociais, respondem a uma retomada da atividade econômica no último ano. Os níveis de extrema pobreza e pobreza reduziram em 2022, depois de atingirem patamares negativos recordes no ano anterior.
Para o professor e sociólogo André Salata, coordenador do PUCRS Data Social, dois fatores explicam a melhora dos dados: a retomada do mercado de trabalho, principalmente para quem está na base da pirâmide e possibilitada pela vacinação em massa após a crise da covid-19, e a retomada no pagamento de benefícios sociais, como o Auxílio Brasil, que foi enfraquecido em 2021.
— Em 2022, essas duas forças começam a andar juntas num caminho positivo. Isso explica a razão pela qual tivemos um ano de melhora. Além do controle inflacionário no ano passado, que tem papel importante neste contexto — diz Salata.
A retomada do mercado de trabalho também se dá com o crescimento da informalidade. Walter Rodrigues, pesquisador do IBGE e coordenador da Pnad Contínua no Estado, lembra que os informais são peça-chave de qualquer movimento de retomada econômica. Assim como são os primeiros a perderem ocupação e renda nos momentos de crise, os informais também são os primeiros a se recuperarem quando a economia volta a aquecer.
— A informalidade reduziu em 2020 não porque cresceu a formalidade, e sim porque os informais foram os primeiros afetados pela pandemia. Em 2022, quando se tem a retomada pós-crise, eles voltam para a ocupação mais facilmente — diz Rodrigues.
A melhora expressiva de um ano ao outro nos indicadores sociais também tem como motivo a base de comparação fraca. Isso porque 2021 foi negativamente atípico em termos de deterioração das condições de vida dos brasileiros, avalia o professor da PUCRS. Em 2023, portanto, a melhora esperada na comparação com 2022 tende a ser mais tímida.
Apesar dos resultados positivos no ano passado, o Rio Grande do Sul ainda tem mais de 287 mil gaúchos vivendo em condição de extrema pobreza, ou com menos U$S 2,15 por dia (cerca de R$ 5 conforme a taxa de paridade adotada), de acordo com a linha estabelecida pelo Banco Mundial adotada pelo IBGE na pesquisa. Outros 1,9 milhão vivem na pobreza (com até U$S 6,85 ao dia, ou cerca de R$ 16) no Estado.