Com o ingresso de 697 mil pessoas nas estatísticas de ocupação, o universo de gaúchos empregados passou de 5,241 milhões, no segundo trimestre de 2020 — momento em que começam a serem sentidos os reflexos da pandemia na economia nacional —, para 5,941 milhões em igual período de 2023.
Na passagem dos três meses encerrados em março para o fechamento de junho deste ano, a taxa de desemprego, que mede as pessoas em busca de uma vaga, no Estado, caiu um pouco mais: de 5,4% para 5,3% — são 330 mil que seguem em busca de uma colocação. Assim, agora, exibe idêntico patamar ao registrado nos últimos três meses de 2012, quando o mercado de trabalho estava em condições de pleno aquecimento no país.
Outra boa notícia extraída dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Trimestral divulgados nesta terça-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vem do perfil das vagas de trabalho. Nesse aspecto, o Rio Grande do Sul, com 82,3%, só perde para Santa Catarina, com 88,1%, entre as unidades da federação com o maior percentual de empregos com carteira assinada no país, cuja média é de 73,7%.
De acordo com o economista-chefe da CDL-Porto Alegre, Oscar Frank, é natural que haja queda no desemprego com relação aos três meses iniciais de 2023. Isso ocorre, segundo ele, uma vez que no início de cada ano encerram-se os contratados temporários estabelecidos para dar conta da demanda pelas festas de Natal e Réveillon.
Conforme Frank, há fator adicional de sazonalidade, desta vez ligado ao período de férias, cuja tendência é de ampliação das contratações no intervalo entre abril e junho. Ainda assim, ele considera a resiliência do mercado de trabalho como um fator positivo, embora seja possível verificar algum desaquecimento do mercado formal.
Coordenador da Pnad do IBGE no Estado, Walter Rodrigues destaca que o atual patamar da taxa de desocupação só não é mais baixo do que nos primeiros anos da série histórica, em 2012. No RS, tanto o desemprego quanto a informalidade diminuem, a despeito do desempenho negativo da indústria, setor caracterizado por ser intensivo em mão de obra com carteira assinada.
— É muito mais fácil abrir um empreendimento no comércio ou nos serviços, são menos variáveis, ainda mais com os atuais níveis da taxa de juros. Isso torna natural que a expansão esteja na conta desses setores, que dependem de menos capital para investimentos — diz Rodrigues.
A economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, destaca que, nos últimos três meses de 2022, a taxa de desocupação foi de 4,6%. Em 2023, argumenta, é provável que fique ainda menor, pois a taxa de participação das pessoas na força de trabalho já é superior à registrada no fechamento do ano passado. Esse percentual está agora em 66,1%, o maior desde 2020:
— Na comparação com o mesmo trimestre de 2022, a população ocupada cresceu mais do que a queda da desocupada. Isso significa dizer que temos conseguido absorver novos entrantes no mercado de trabalho, além daqueles que já procuravam por trabalho. Essa geração de empregos foi capitaneada pelos empregos formais, que costumam remunerar melhor, o que também ajuda a explicar o aumento do rendimento médio associado a queda da inflação.