A previsão do tempo aponta que depois de um início de semana gelado, a temperatura deve subir. E essa elevação nos termômetros que tem se repetido em pleno inverno é motivo de atenção para os produtores de trigo do Estado. O frio é necessário para o perfilhamento, etapa importante do desenvolvimento da cultura. Sem a temperatura ideal, pode haver uma menor formação dos perfilhos, o que resulta em menos espigas. Lá na frente do ciclo, isso pode se traduzir em menor rendimento.
— Com temperaturas mais altas, o trigo também fica mais exposto a pragas, insetos — acrescenta Célio Colle, assessor técnico da Emater.
Conforme dados da instituição, em torno de 85% das lavouras estão na etapa do desenvolvimento vegetativo. É quando o frio se faz necessário.
Agrometeorologista da Embrapa Trigo, de Passo Fundo, Gilberto Cunha acrescenta que, em algumas áreas, as temperaturas aceleraram o desenvolvimento e, em outras, apareceram pulgões, pequenos insetos. O que mais vinha despertando a atenção, no entanto, explica, era a pouca umidade, problema amenizado com as recentes chuvas. As atenções, a partir de agora, se voltam para o período da primavera. O motivo? A possibilidade de o El Niño provocar grandes volumes de precipitações.
— Isso exige atenção para o controle de doenças da espiga, como a giberela — alerta.
Sobre a geada registrada no final de semana, os especialistas observam que foi pontual, sem grande intensidade. Além disso, a maior parte das lavouras está em uma fase menos sensível ao fenômeno. Os momentos mais críticos, em que pode trazer impactos ao resultado, são o espigamento e a floração. Etapas mais à frente. No final de agosto, início de setembro, são momentos em que representa risco maior à cultura.
— Por enquanto, não apareceu nada ainda de perdas (pela geada) — reforça o assessor técnico da Emater.
A área estimada para o trigo no RS neste inverno é de 1,5 milhão de hectares. A produção foi projetada em 4,55 milhões de toneladas.
— Até o momento, as condições climáticas não comprometeram o desempenho (da cultura) — acrescenta Cunha.