Ao tomar posse na presidência do Mercosul, Luiz Inácio Lula da Silva cobrou, nesta terça-feira (4), que o bloco apresente uma "resposta rápida e contundente" à carta adicional apresentada pela União Europeia para fechar um acordo comercial com o bloco sul-americano. O texto, que prevê sanções em caso de descumprimentos ambientais é rechaçado pelo governo brasileiro. Nessa segunda-feira, o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, prometeu uma reação ao documento adicional da UE para os próximos dias.
Em discurso na 62ª Cúpula do Mercosul, Lula afirmou que a ofensiva dos europeus é inaceitável.
— Parceiros estratégicos não negociam com base em desconfiança e ameaça de sanções. Não temos interesse em acordos que nos condenem ao eterno papel de exportadores de matérias-primas, minérios e petróleo — disparou Lula, em defesa de produtos de maior valor agregado no Mercosul.
Lula mais uma vez se posicionou de forma contrária à inclusão das compras governamentais no acordo comercial, uma exigência dos europeus.
— Retomaremos uma agenda externa ambiciosa para ampliar o acesso a mercados por nossos produtos de exportação. Estou comprometido com a conclusão do Acordo com a União Europeia, que deve ser equilibrado e assegurar o espaço necessário para adoção de políticas públicas em prol da integração produtiva e da reindustrialização — acrescentou o presidente.
Lula da Silva avaliou ainda que o mundo se encontra cada vez mais complexo e desafiador e que nenhum país resolverá seus problemas sozinho nem pode permanecer alheio ao que chamou de grandes dilemas que vive a sociedade.
“Não temos alternativa que não seja a união. Frente à crise climática, é preciso atuar coordenadamente na proteção de nossos biomas e na transição ecológica justa. Diante das guerras que trazem destruição, sofrimento e empobrecimento, cumpre falar de paz. Em um mundo cada vez mais pautado pela competição geopolítica, nossa opção regional deve ser a cooperação e a solidariedade.”
Ao longo da sua fala, Lula citou o aumento do ódio, da intolerância e da mentira na política e classificou como urgente renovar o compromisso histórico do Mercosul como Estado de direito.
— Como presidentes democraticamente eleitos, temos o desafio de enfrentar todos os que tentam se apropriar e perverter a democracia, estou convicto que a construção de um Mercosul mais democrático e participativo é o caminho que temos que trilhar.
Alberto Fernández
Ao abrir a 62ª Cúpula do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e Países Associados, em Puerto Iguazú, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, comentou a transferência da presidência para o Brasil pelos próximos seis meses.
— Não quero esconder o enorme carinho e a profunda admiração que sinto por ele [Lula]. Foi vítima de perseguição e injustiça. Mas o povo brasileiro soube reparar esse dano dando a liderança dessa nação-irmã. Querido amigo, desejo o melhor. Você merece. Sermos membros desse bloco que nos fortalece. Sem ele, em um cenário internacional de países que constituem enorme blocos econômicos, seríamos mais fracos e pequenos. Vamos ser fortes, defendendo os nossos interesses.