O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (6) que o Banco Central (BC) "poderia ter sido mais generoso" com o governo no comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) que sinalizou incertezas fiscais. Segundo Haddad, a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva herdou uma "situação fiscal delicada" do governo Jair Bolsonaro.=
— Nós não vamos, em 30 dias de governo, resolver um passivo de R$ 300 bilhões que foi herdado do governo anterior. Mas o nosso compromisso é com o equilíbrio das contas, e anunciei no dia 2 de janeiro o que vamos perseguir por resultados melhores. E nesse particular eu penso que a nota do Copom poderia ser mais generosa com as medidas que já tomamos. Eu entendo que nós vamos harmonizar a política fiscal com a política monetária — disse Haddad.
A fala é uma reação à reunião que manteve a taxa Selic, juros básicos da economia, em 13,75% ao ano. Depois da decisão, o Copom emitiu um comunicado indicando que o Banco Central poderia manter os juros elevados por mais tempo por conta de "aumento das incertezas fiscais". Haddad ainda disse crer que o BC, ao redigir o posicionamento, fazia referência ao que chamou de "legado do governo anterior".
— Eu creio que o que Banco Central disse faz mais referência ao legado do governo anterior do que as providências que estão sendo tomadas por esse governo. Vamos falar das medidas tomadas no primeiro dia de governo revogando a irresponsabilidade dos 10 últimos dias do governo anterior que tomou cinco medidas desonerando uma série de setores e prejudicando a arrecadação do primeiro ano do governo Lula. Existe uma situação fiscal que inspira cuidados, mas isso é uma herança que temos que administrar — declarou.
Segundo Haddad, a política fiscal ajuda a política monetária. Além disso, ele declarou que a política monetária ajuda a política fiscal.
— A política fiscal ajuda a política monetária. E não podemos esquecer que a política monetária ajuda a política fiscal. É um organismo com dois braços que têm que trabalhar juntos em proveito do mesmo objetivo — disse.
Nomes para o BC
O ministro da Fazenda voltou a afirmar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem a prerrogativa de escolher os nomes que ocuparão as vagas em duas diretorias do Banco Central (BC). Segundo ele, indicações para os postos têm sido feitas inclusive pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto. Entretanto, Haddad afirmou que o papel dele e de Campos Neto é levar nomes que possam ser escolhidos por Lula.
Os mandatos do diretor de Política Monetária, Bruno Serra, e do diretor de Fiscalização, Paulo Souza, vencem em 28 de fevereiro.
— Estamos recebendo, inclusive do presidente do BC, nomes que possam ser avaliados pelo presidente da República. A lei de autonomia deixa claro que é prerrogativa do presidente da República a indicação dos nomes. Nosso papel é levar ao conhecimento do presidente Lula os melhores nomes disponíveis para que ele possa eventualmente escolher — alegou.
Segundo Hadad, ele e Campos Neto já conversaram algumas vezes sobre nomes para os postos, que serão técnicos.
— Eu já conversei várias vezes com o presidente do BC sobre nomes técnicos, como sempre foi a nossa prática. Em todo o período que estivemos à frente dos governos, nós sempre indicamos para as diretorias do BC nomes técnicos que tenham condição de cumprir da forma mais apropriada os deveres e as competências do cargo que será ocupado — disse.