O ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn venceu as eleições para a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com sede em Washington, nos Estados Unidos. É a primeira vez que o país ocupará o cargo no banco, após conseguir o apoio de 17 membros regionais e nove de fora na disputa.
Mais cedo, a Argentina havia desistido de concorrer à presidência do BID. A desistência da Argentina na corrida pelo BID injetou ânimo na campanha brasileira. "O Mercosul todo está apoiando o Brasil. Isso aumenta a chance de vencer no primeiro turno", diz uma fonte, na condição de anonimato.
A expectativa do governo brasileiro era obter 51% dos votos ainda no primeiro turno, um dos critérios para vencer. E se faltasse atingir o apoio de 15 dos 28 países membros "mutuários" e "regionais não mutuários", grupo que inclui os EUA e o Canadá, a esperança era conquistá-lo no segundo turno, conforme fontes que acompanham bastidores das eleições no BID. Esses são os dois critérios de exigência para o candidato se eleger presidente do Banco.
O Brasil nunca deteve a presidência do BID e havia um entendimento de que agora seria a vez de o país galgar a posição. Sua campanha, porém, foi atrapalhada por uma tentativa de membros do PT para postergar as eleições da instituição e ganhar tempo para indicar um novo nome, com perfil mais alinhado ao partido, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas para comandar o Planalto, já que Goldfajn foi indicado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).
O BID ignorou o pedido e seguiu com as eleições, que tiveram início às 8h em Washington (10h de Brasília). Com a saída da Argentina da disputa, o principal concorrente do brasileiro passou a ser o economista e vice-governador do Banco Central do México (Banxico), Gerardo Esquivel Hernández, segundo fontes. Ele foi, inclusive, alvo do ministro da Economia, Paulo Guedes, que indicou o nome de Ilan, durante sabatina, no último dia 12. Na ocasião, Guedes teria questionado o candidato sobre qual seria o direcionamento de sua gestão, por exemplo, no caso da reconfiguração das cadeias produtivas, se o mexicano traria os semicondutores para a América Latina ou para o Acordo entre Estados Unidos, México e Canadá (USMCA, na sigla em inglês, antigo NAFTA).
Além do México, o Chile indicou o ex-ministro da Fazenda Nicolás Eyzaguirre Guzmán, enquanto Trindade e Tobago apoia o nome de Gerard Johnson.