O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) inicia neste mês os testes de um sistema de pagamentos instantâneos, o FedNow. Espécie de versão americana do Pix, ele promete revolucionar a forma como se envia e recebe dinheiro na maior economia do mundo.
Enquanto isso, no Brasil, o Pix "original" — que começou a ser gestado ainda no governo do ex-presidente Michel Temer, como parte de uma agenda para aprimorar as ferramentas do Banco Central — está próximo de bater a marca recorde de R$ 1 trilhão em transações realizadas em um único mês, e caminha para replicar sua experiência em outros países, como Colômbia e Canadá.
A expectativa do Fed é de lançar o sistema entre maio e julho de 2023. Nesta reta final de desenvolvimento, o projeto-piloto do FedNow vai iniciar a fase de testes técnicos, com a participação de mais de 120 instituições. Em paralelo, o Fed já começa a envolver outras instituições interessadas na nova solução, mas que ficaram de fora do projeto-piloto.
A promessa é de que o FedNow esteja disponível a instituições financeiras de todos os tamanhos nos Estados Unidos. E, assim, conecte empresas e famílias americanas, facilitando os pagamentos em uma economia onde o cheque — que no Brasil praticamente desapareceu do dia a dia — ainda é presença frequente.
— Juntamente com os nossos parceiros, estaremos prontos para lançar o FedNow entre maio e julho de 2023 — afirmou a vice-presidente do Fed, Lael Brainard, em evento recente sobre pagamentos instantâneos.
Segundo ela, o FedNow deve transformar a forma como os pagamentos são feitos na maior economia do mundo, propiciando "ganhos substanciais" para famílias e empresas por meio de transferências de dinheiro instantâneas. Tal como o Pix, a nova ferramenta vai funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana.
— A disponibilidade imediata de dinheiro pode ser especialmente importante para famílias que administram suas finanças de salário em salário ou pequenas empresas com restrições de fluxo de caixa — disse Lael.
A autoridade monetária dos EUA ainda não revelou as expectativas para o FedNow. Segundo Lael, o número de empresas e famílias americanas que vão usar o "Pix americano" vai depender da quantidade de provedores de serviços financeiros que aderirem à nova infraestrutura de pagamentos da autarquia.
Adesão
No Brasil, o Pix é operado por mais de 770 instituições, segundo o BC. Por conta da facilidade de mandar e receber dinheiro, e também pelo fato de não ter taxas, a adesão dos brasileiros ao novo sistema foi uma explosão.
A quantidade de chaves do Pix, mais de 478 milhões, é o dobro da quantidade de habitantes no país, de 212,7 milhões, conforme estimativa mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o total de usuários soma mais de 131,8 milhões, sendo 122 milhões de pessoas físicas.
O Pix foi elogiado por instituições como o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), uma espécie de banco central dos bancos centrais, que destacou "os menores custos e maior inclusão financeira" com a ferramenta. E despertou o interesse de outros países.
Segundo o presidente do BC, Roberto Campos Neto, os primeiros passos internacionais do Pix podem ocorrer dentro da América Latina. A Colômbia já demonstrou interesse em replicar a experiência brasileira.
— Estamos fazendo uma parte internacional do Pix. Eu tenho conversado bastante com o banqueiro central da Colômbia (Leonardo Villar). Ele me diz que querem fazer igual — afirmou ele, em evento no mês passado, mencionando ainda o interesse do Canadá.
Para Campos Neto, a atração de outros países se dá pelo baixo custo:
— O Pix é muito barato, custou R$ 5 milhões para o Banco Central.