No ano passado, 84,7% das pessoas de 10 anos ou mais no Brasil, o equivalente a 155,7 milhões de habitantes, acessaram a internet. Esse percentual vem crescendo desde 2016, quando 66,1% da população nessa faixa etária tinham utilizado a rede.
Por outro lado, 15,3% dos quem têm 10 anos ou mais não utilizaram a internet em 2021. Este contingente é formado por 28,2 milhões de pessoas. Destes, 42,2% disseram que não acessaram a rede porque não sabem usar a internet e 27,7% disseram não ter interesse em fazer isso.
Em seguida, entre as explicações mais comuns para estar longe da internet, estão duas de razão econômica que representaram, em conjunto, 20,2%: 14% disseram que o serviço era caro e 6,2% afirmaram que o equipamento eletrônico necessário era caro. O fato de o serviço não estar disponível nos locais que as pessoas costumavam frequentar foi apontado como razão por 5,3% dos que não acessaram a internet em 2021.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua: Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) 2021, divulgada nesta sexta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No ano passado, os índices de pessoas que acessaram a internet no Norte (76,3%) e no Nordeste (78,1%) do país permaneceram inferiores aos alcançados nas demais regiões, apesar de o aumento, entre 2019 e 2021, ter sido maior nessas regiões (6,3 e 8,1 pontos percentuais, respectivamente).
No Brasil, 85,6% das mulheres usaram a internet no ano passado, um pouco acima do percentual apresentado pelos homens (83,7%).
Dados entre os estudantes
Em 2021, o percentual de pessoas que acessou a internet foi de 90,3% no grupo dos estudantes, ao passo que entre não estudantes o índice foi de 83,2%. Em relação ao ano anterior, houve aumento nos dois grupos, sobretudo entre não estudantes.
"Quando se considera a rede de ensino, observam-se importantes diferenças no uso da internet pelos estudantes. Enquanto 98,2% dos alunos da rede privada utilizaram a internet em 2021, o percentual entre os da rede pública de ensino foi de 87%", diz o IBGE.
Segundo a pesquisa, as diferenças regionais no uso da internet são mais marcadas entre os estudantes da rede pública. Assim, enquanto no Norte e no Nordeste os índices dessa parcela que utilizou a internet foram de 73,2% e 83,2%, respectivamente, nas demais grandes regiões variou de 91% a 92,2%.
Quando são considerados apenas os alunos da rede de ensino privada, o percentual de uso da internet ficou acima de 96% em todas as grandes regiões, alcançando praticamente a totalidade dos alunos no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste.
Por grupos etários
Em 2021, o percentual de pessoas que acessou a internet no grupo de 10 a 13 anos foi de 82,2%. O índice cresceu sucessivamente nos grupos etários subsequentes e alcançou quase 95% no grupo de 25 a 29 anos, passando depois a cair até atingir 57,5% no grupo de 60 anos ou mais.
De acordo com o IBGE, ainda que venha crescendo em todos os grupos etários, o aumento foi mais acelerado nas idades mais elevadas, o que pode ter sido propiciado pela evolução nas facilidades para o uso dessa tecnologia e sua disseminação no cotidiano. Nesse sentido, o aumento do percentual de pessoas que utilizaram a internet, entre 2019 e 2021, foi maior nos grupos etários de 50 a 59 anos e de 60 anos ou mais (aumentos de 8,9 e 12,7 pontos percentuais, respectivamente).
A analista do IBGE Flávia Vinhaes observa que o aumento do uso da internet pelos que têm 60 anos ou mais se deu muito em função do isolamento social causado pela pandemia de covid-19, que obrigou os mais idosos a se familiarizar com a tecnologia para pedir comida e remédios em casa, manter contato com familiares e acessar serviços bancários.
Celular na preferência
Em 2021, na população de 10 anos ou mais que usou a internet, o meio de acesso indicado pelo maior número de pessoas foi o telefone celular (98,8%), seguido, em menor medida, pela televisão (45,1%), o microcomputador (41,9%) e o tablet (9,3%).
O mesmo cenário foi observado em relação aos domicílios: entre 2019 e 2021, houve aumento do uso da televisão para acessar a internet e redução do uso do microcomputador e do tablet. A pesquisadora do IBGE destaca que foi a primeira vez que a televisão superou o computador como meio de acesso à internet.