O Rio Grande do Sul engatou mais um mês com contratações superando as demissões no mercado de trabalho formal. O Estado registrou saldo de 8 mil vagas com carteira assinada em junho e acumula a abertura de 74,5 mil postos no primeiro semestre do ano. Os dados são do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Previdência nesta quinta-feira (28).
O saldo da primeira metade do ano é resultado de 744,5 mil contratações e 670 mil demissões. Mesmo ainda no azul, o acumulado dos primeiros seis meses do ano está em nível abaixo do mesmo período do ano passado (82,9 mil). Em 2021, o avanço nas contratações era mais robusto, com o início da retomada econômica, diante da melhora na situação da pandemia de covid-19. O resultado positivo de junho tem patamar acima do observado em maio.
O professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS Maurício Weiss afirma que o mercado de trabalho segue em recuperação após o tombo registrado em 2020. Weiss salienta que o crescimento da abertura de vagas é menor ante o mesmo período de 2021 em razão do momento da economia. No ano passado, as contratações aceleraram diante do início da abertura de parte das atividades. Agora, existe certa normalização nesse avanço, segundo o professor:
— A retomada do ano passado foi um pouco mais forte porque pegou aquele movimento de abertura econômica no primeiro semestre. A recuperação de agora é mais típica.
Os dados do Caged levam em conta apenas o trabalho formal. As informações são atualizadas mensalmente, o que pode provocar ajustes nos montantes divulgados em períodos anteriores e, consequentemente, nos acumulados.
No recorte por setores, a indústria lidera com o maior acumulado de abertura de vagas no semestre (33,4 mil) no Estado. O segmento é seguido de perto por serviços (32,4 mil). Em seguida, com menos fôlego, aparecem construção, comércio e agropecuária.
O economista-chefe da Fiergs, André Nunes de Nunes, afirma que o bom desempenho da indústria reflete a continuidade da retomada na área. Nunes reforça que o setor segue demonstrando avanço superior ao que era esperado em análises anteriores. O especialista afirma que esse cenário reflete o otimismo dos industriários em relação à produção para os próximos meses.
— Tanto a demanda externa quanto a interna se mantiveram aquecidas. Ou vem desaquecendo em uma velocidade muito menor do que se esperava. A gente vê previsões de crescimento da economia brasileira sendo revistas para cima e isso acaba impactando a produção industrial — reforça Nunes.
Boa parte do saldo que garantiu a indústria no topo do ranking foi registrado no primeiro trimestre. No mês a mês, serviços está na ponteira desde abril. Um dos mais afetados pela pandemia, o setor tem espaço para recuperar empregos na esteira da normalização das atividades e da circulação.
O professor Weiss, da UFRGS, afirma que o setor de serviços também sente menos o impacto da sequência de elevações no juro básico, fator que ajuda a dar mais corpo nesse avanço:
— O (setor de) serviços é menos influenciado pela taxa de juros. Os serviços são realizados basicamente por compras à vista. O setor industrial tem uma relação mais próxima com a taxa de juro, tanto para empresas realizarem investimentos em bens de capitais quanto para produtos industriais.
Cenário no país
No país, a toada do mercado de trabalho formal é parecida com a observada no Estado. O Brasil registrou abertura de 278 mil vagas com carteira em junho. No primeiro semestre o saldo entre contratações e demissões é de 1,3 milhão de postos.
Na média nacional, serviços, indústria e construção são os setores com destaque na geração de emprego formal.
O ministro do Trabalho e Previdência, José Carlos Oliveira, destacou que o resultado no acumulado do ano já está próximo da meta definida pelo governo para 2022. Em seguida, o ministro fez um agradecimento aos empresários:
— A criação de empregos é feita pelos empresários e pelos empreendedores que acreditam no mercado financeiro.