A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) aprovou nesta sexta-feira (10) o roteiro para a adesão do Brasil e do Peru, mas não da Argentina, apesar das "conversas positivas" com o país.
O secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, anunciou em entrevista coletiva em Paris a "adoção formal do roteiro para a adesão de Brasil, Bulgária, Croácia, Peru e Romênia".
— Damos calorosas boas-vindas a esses países no início de um processo positivo e transformador. Também mantemos negociações positivas com a Argentina sobre os próximos passos no processo de adesão — disse Cormann, sem fornecer mais detalhes.
Questionado sobre o motivo que provocou o adiamento da adoção do roteiro argentino, o australiano citou "algumas questões a serem resolvidas", mas sublinhou o "espírito positivo e construtivo" das discussões.
O anúncio foi feito ao final da reunião anual de ministros da organização que reúne as maiores economias do mundo com regimes democráticos, incluindo os Estados Unidos e o restante das potências do G7.
A OCDE anunciou em janeiro o início das negociações com os países com vistas à futura adesão ao clube atualmente com 38 membros, um processo que costuma levar alguns anos. O passo seguinte era a aprovação do roteiro que estabelece o processo e define as condições de adesão. A OCDE realizará exames técnicos em áreas como comércio, investimento, combate à corrupção e mudanças climáticas.
Quatro países latino-americanos — Chile, Costa Rica, Colômbia e México — já fazem parte da organização fundada em 1961, cujos membros representam cerca de 80% do comércio e dos investimentos mundiais.
"Potencial" para o Brasil
A adesão à OCDE é uma bandeira do ministro brasileiro da Economia, Paulo Guedes, que em janeiro considerou que o início das discussões era um "reconhecimento" de que o Brasil é "um grande país".
A Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) e suas organizações no Brasil — Justiça Global e Movimento Nacional de Direitos Humanos — parabenizaram, em comunicado, o roteiro aprovado.
"Tem potencial para pressionar o Brasil a adotar mudanças positivas em suas políticas ambientais e de direitos humanos", destacou a nota, que considera que o país "não demonstrou seu compromisso com os valores da OCDE" nesses campos.
Em janeiro, o presidente peruano, o esquerdista Pedro Castillo, também agradeceu por essa decisão e afirmou que seu governo reiterou "seu compromisso com os valores da OCDE em benefício de sua população".