O programa Gaúcha Atualidade da Rádio Gaúcha debateu durante o quadro Mais Vozes, nesta quinta-feira (16), o aumento da taxa de juros como medida para tentar conter a alta da inflação.
Na última quarta-feira (15), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central voltou confirmar novo aumento da taxa Selic. A taxa subiu 0,50 ponto porcentual, de 12,75% para 13,25% ao ano. Com a elevação a 13,25%, a Selic alcançou o maior patamar em cinco anos e meio, desde janeiro de 2017 (13,75%).
Foi também a 11ª primeira alta consecutiva. Desde o primeiro aumento, em março de 2021, quando a Selic estava na mínima de 2%, a taxa já subiu 11,25 pontos porcentuais, o maior choque de juros desde 1999.
No Mais Vozes, foram ouvidos: os economistas João Fernandes, John Welch e Adriano Severo; o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Rio Grande do Sul, Amarildo Cenci; o economista-chefe da Federação da Agricultura do RS (Farsul), Antônio da Luz; o presidente do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon RS), Claudio Teitelbaum; o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos e Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Sincodiv-Fenabrave RS), Paulo Siqueira; o presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Arildo Bennech de Oliveira; e o novo presidente do Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas), Arcione Piva.
O economista João Fernandes acredita que um dos efeitos das medidas adotadas será a diminuição no aumento do custo do crédito e nos custos de financiamentos, que encarece as atividades de consumo e produção no país para gerar a contrapartida da diminuição da inflação. Fernandes acredita também que podemos estar “perto do fim de ciclo de altas de juros por parte do Banco Central”.
Já o economista norte-americano John Welch, que morou no Brasil durante anos, falou sobre a recente alta da inflação que atinge também os Estados Unidos. Welch relatou que a população do país não estava acostumada a lidar com uma inflação tão alta como a atual, e destacou que o consumidor já sente o aumento do preço em produtos tradicionais do mercado norte-americano, principalmente nos automóveis, combustíveis e aluguéis.
O economista brasileiro Adriano Severo lembrou que a taxa Selic impacta tanto as despesas quanto as receitas dos consumidores. No cenário de alta da inflação que se apresenta atualmente no Brasil e no mundo, Severo destacou ainda que a porta se manteve aberta para um novo aumento da Selic na próxima reunião do Copom.
Por sua vez, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Rio Grande do Sul, Amarildo Cenci, lamentou o impacto da alta da inflação no custo de vida atual. Cenci se posicionou de forma contrária ao aumento dos juros como solução para esse problema, defendendo que essa medida traz ainda mais insegurança financeira à população.
Antônio da Luz, economista-chefe da Farsul, também acredita em novo aumento da taxa Selic no próximo ciclo, projetando a chegada em 13,75%. O economista ainda destacou que o banco central dos Estados Unidos também elevou a taxa de juros de forma excepcional nos últimos dias. Para o economista, este é um “remédio amargo", porém necessário neste momento.
O atual presidente do Sinduscon RS, Claudio Teitelbaum, avaliou a influência da inflação e do aumento dos juros no setor da construção civil. Segundo Teitelbaum, a entidade entende que poderiam haver outras formas de conter a inflação, pois o recente novo aumento reduz muito o poder de compra do consumidor.
Paulo Siqueira, presidente do Sincodiv-Fenabrave RS, também avaliou as recentes medidas econômicas adotadas para conter a inflação no país. Siqueira afirmou que o aumento da Selic já era esperado pelo mercado e que seu impacto não deve ser muito significativo para a indústria automobilística brasileira.
O presidente em exercício da Fiergs, Arildo Bennech de Oliveira, analisou o aumento recente da Selic no Brasil para o setor da indústria. Oliveira reforçou que “a Fiergs é contra qualquer tipo de aumento de juro”, defendendo que essa não é a solução ideal para combater a inflação.
Por fim, o Mais Vozes ouviu Arcione Piva o novo presidente do Sindilojas Porto Alegre. Piva também lembrou que o aumento dos juros diminui o poder de compra do consumidor, mas destacou acreditar que a medida, neste momento, é um “mal necessário”.