De acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), quase quatro em cada dez brasileiros adultos estavam inadimplentes no mês passado, o que corresponde a 61,94 milhões de pessoas com pendências financeiras. O número de inadimplentes incluídos na bases de registro de histórico devedor (birôs de crédito) aumentou quase 6% no mês passado em relação a abril de 2021.
Apesar dos atuais números serem consideráveis, o total de inadimplentes, atualmente, não é uma marca recorde. O maior contingente foi de 63,08 milhões, atingido em novembro de 2018, segundo a série do SPC Brasil, iniciada em janeiro de 2015. No entanto, para Merula Borges, coordenadora financeira da CNDL, a quantidade de devedores pode aumentar e chegar a um valor aproximado ao enfrentado há quatro anos.
— Estamos com patamar de inadimplentes muito próximo do de 2018, que foi um recorde histórico, e a perspectiva é de que esse número aumente — afirmou Merula.
Embora tenha acontecido a injeção de recursos extras na economia, como a antecipação do pagamento do 13.º salário para aposentados e pensionistas da Previdência Social e a liberação de parcelas do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) aos trabalhadores, a especialista lembra que os cenários econômicos doméstico e internacional estão conturbados e que isso pode agravar a situação de dívidas não pagas.
O Banco Central já indicou que deve continuar subindo os juros básicos, atualmente em 12,75% ao ano, para conter a inflação de 12,13% em 12 meses até abril. Juros elevados dificultam a saída da lista de devedores e fazem a dívida se tornar um problema ainda maior, caso ocorra qualquer atraso.
O levantamento mostra que, dos inadimplentes, metade está com dívidas atrasadas entre 91 dias e um ano. No ano passado, o juro básico estava na mínima histórica de 2%.