O comércio no Rio Grande do Sul aposta no Dia das Mães para tentar ganhar fôlego na busca por retomada. Um dos setores que mais sofre com escalada nos preços diante de inflação e juros altos, o varejo busca alternativas para atrair consumidores nesse ambiente que também conta com perda de renda das famílias. Reforço na comunicação, facilidades nos meios de pagamentos, redução da margem de lucro e ampliação de ofertas estão entre as estratégias adotadas pelos lojistas nesse processo, segundo especialistas.
A economista-chefe da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Patrícia Palermo, cita opções de parcelamento de valores e foco na comunicação entre as principais táticas observadas entre os lojistas para conquistar mais compradores.
— As lojas têm apostado bastante em tentar se comunicar com o consumidor. Seja no site, seja nas redes sociais, existe um forte apelo em mostrar os produtos disponíveis e, especialmente, mostrar os itens que estão com preços melhores. Porque as lojas sabem que os consumidores vão buscar preços mais baixos — pontua Patrícia.
A economista afirma que a maior parte dos comerciantes também tenta conter as margens de lucro para não perder vendas. Isso ocorre em meio a um processo inflacionário que persiste, com IPCA na casa dos 11% em 12 meses. No entanto, a especialista destaca que é importante uma equalização nesse processo de contenção de elevação de preços ao consumidor para evitar prejuízos aos empresários.
Pesquisa do Dia das Mães da Fecomércio-RS, realizada entre os dias 16 e 23 de março, registra que 41% das pessoas abordadas afirmaram que irão comprar presentes para o Dia das Mães em 2022. Artigos de vestuário (22,9%), seguidos por perfumes/cosméticos (19,2%) e calçados (11,7%), estão entre os principais presentes citados pelos consumidores.
— O Dia das Mães cai em uma época que esfria. Como um dos produtos mais comprados nessa época é vestuário e roupas de frio são mais caras, tem uma elevação natural de ticket médio — lembra Patrícia.
Movimento maior a partir do fim da semana
Patrícia destaca que a pesquisa da Fecomércio também mostra que 84,6% dos entrevistados deverão fazer as compras na semana que antecede a data festiva. Como o dia 5, tradicional data de pagamento de salários, é nesta quinta-feira, o maior volume de pessoas atrás de presentes deve ser percebido a partir do fim da semana, principalmente em caso de tempo bom, como reforça a economista:
— Os lojistas têm que estar muito atentos para esta semana. Essa semana é onde as coisas acontecem, mais especificamente nos dias que antecedem a data. Estamos falando de quinta, sexta e sábado.
O levantamento da entidade estima crescimento de 13% na movimentação em termos nominais em relação ao ano passado na data.
— Se a gente pensar que estamos com uma inflação de cerca de 11% no caminho, estamos falando de um avanço real na ordem de 2%. É um crescimento tímido, mas é um crescimento — afirma Patrícia.
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre não tem pesquisa recente sobre estimativas para o Dia das Mães, mas elaborou material com dicas para os lojistas venderem mais na data. Foco nos canais de atendimento digital e elaboração de kits de produtos estão entre os principais pontos citados na cartilha da entidade. O economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, salienta a importância de disponibilizar ofertas atrativas aos clientes nesse processo:
— Trazer também ofertas especiais. A gente sabe que o preço acaba sendo determinante para as vendas em muitas situações. É claro, sempre fazendo uma avaliação do estoque e da margem de lucro. Procurar realizar ofertas que possam ser positivas para o consumidor — cita Frank.