Com 403 municípios gaúchos em situação de emergência por conta da estiagem, o cultivo da erva-mate também está sofrendo com a escassez de chuva dos últimos meses. Assim como outros setores agrícolas do Estado, os polos ervateiros contabilizam perdas com o clima seco. Do total de mudas plantadas no ano passado, metade não vingou por conta do excesso de sol. Além disso, 10% da plantação ativa foi perdida com a estiagem.
De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria do Mate do Rio Grande do Sul (SindimateRS), Álvaro Pompermayer, a quebra nas lavouras vai reduzir a oferta de matéria-prima nas indústrias nos próximos meses.
– No entanto, ainda é cedo para avaliar se terá impacto ao consumidor – observa.
Pompermayer explica que o cultivo de erva-mate sofre com a estiagem não só no Rio Grande do Sul, mas também nos outros polos produtores, inclusive na Argentina e Paraguai.
– Com isso, pode acontecer de os países vizinhos importarem a nossa erva-mate. Aí sim, a oferta do produto por aqui pode ter redução e impactar no consumidor final. Mas isso só vamos conseguir saber lá pelo final de março – detalha.
Por outro lado, mesmo com a possível demanda de exportação, o setor verifica uma queda no consumo da erva-mate no último ano – o que pode garantir o abastecimento interno e os preços.
– A queda foi provocada pela redução no poder de compra do consumidor causada pela pandemia. No início da pandemia, em 2020, percebemos um aumento na compra do produto. Por outro lado, nos últimos meses, a situação inverteu. A indústria está com dificuldade de vender seus produtos – conta.
Em 2019, o setor de erva-mate no Brasil contava com 71,9 mil hectares plantados, sendo 67,2 mil hectares de área colhida. Deste total, 28 mil hectares são no Rio Grande do Sul, com 23,3 mil hectares de área colhida. Só em solo gaúcho, em 2019, foram produzidas 233,4 mil toneladas de erva-mate, gerando R$ 199,1 milhões.