O crédito tem sido uma ferramenta importante na hora de tentar equilibrar as contas em meio aos efeitos da pandemia de coronavírus na economia do país. Durante a crise sanitária, 79% dos brasileiros utilizaram alguma fonte de crédito diante de problemas financeiros.
Os dados fazem parte de pesquisa da Serasa em parceria com a Opinion Box. Os pesquisadores realizaram 2.068 entrevistas em todo o país, por meio de coleta online, entre junho e julho deste ano.
O levantamento mostra que, no universo de pessoas que usaram esse recurso financeiro, 32% declararam ter recorrido a essa alternativa seis vezes ou mais. Felipe Schepers, um dos fundadores da Opinion Box, afirma que o dado mostra como as pessoas utilizaram o crédito na hora de equilibrar as contas durante a instabilidade econômica:
— Não foi uma medida única e pontual. Foi algo que eu necessitei pegar em vários momentos dessa minha jornada de pandemia para cobrir as contas ou realizar alguma coisa.
Entre as fontes de financiamento, o uso de cartão de crédito tem protagonismo, com 62% das pessoas acionando essa ferramenta. Logo na sequência, figuram empréstimo com amigos e familiares e cheque especial (veja mais abaixo).
A gerente do Serasa eCred, Amanda Rapouzo, afirma que, atualmente, os grandes bancos ainda dominam o mercado de crédito no país. No entanto, destaca que os bancos digitais e as fintechs estão em ascensão, impulsionados pelo uso de plataformas virtuais durante a pandemia.
— A pandemia forçou um pouco essa necessidade de digitalização. As pessoas estavam em isolamento, não tinham mais condições de ir até a agência do banco. Precisaram, inclusive, fazer compras em ambiente digital. Aí começou uma ascensão forte (de bancos digitais). A gente imagina que agora, no momento pós-pandemia, com a retomada da economia, isso realmente tenha uma tendência de explodir — pontua Amanda.
Segundo o levantamento, 52% das pessoas têm buscado informações sobre crédito diretamente no site ou em aplicativos dos bancos digitais. A pesquisa também informa que 37% dos que tiveram crédito recusado em alguma instituição financeira recorreram aos bancos digitais como uma alternativa para acesso ao recurso.
A pesquisa mostra que as classes A e B, com renda familiar acima de cinco salários mínimos, têm maior acesso ao crédito, mesmo buscando menos informação sobre esse mecanismo. Por outro lado, integrantes das classes C, D e E, com renda familiar de até cinco salários mínimos, pesquisam mais, mas têm mais dificuldade para conseguir crédito e maior recusa.
Schepers avalia que esse recorte mostra que a democratização do crédito está acontecendo, mas não de maneira uniforme para todas as classes:
— Você tem uma democratização que está nascendo, está crescendo, mas que ainda tem um desafio muito maior para a classe C, D e E, o que faz com que ela tenha de buscar mais informações no mercado para tentar encontrar mais alternativas.
Retomada
O levantamento aponta que 63% dos brasileiros acham que o crédito será importante para a recuperação financeira no pós-pandemia. O fundador da Opinion Box destaca que existem indícios de uma virada de chave na forma de tomar crédito após a crise sanitária, com 54% dos entrevistados afirmando que pretendem utilizar plataformas digitais para esse socorro financeiro.
Schepers avalia que as pessoas estão se organizando em relação aos tipos de crédito:
— É interessante entender que o consumidor está separando essas caixinhas. O financiamento é para conquistar um sonho de longo prazo. O cartão de crédito é o que vai me dar poder de consumo no curto prazo. E o empréstimo é algo que vai ajudar a colocar minha vida em dia.