Com a aprovação em primeiro turno na Assembleia Legislativa na terça-feira (6), avança o projeto que permite a concessão de unidades de conservação estaduais à iniciativa privada. Para se tornar realidade, o projeto precisa passar pela votação em segundo turno.
O aval da Assembleia irá permitir que o governo do Estado coloque em prática o plano de oferecer a gestão dos parques para parceiros privados e atrair novos negócios.
O projeto abrange cinco locais: o parque turístico do Caracol, as unidades de conservação estaduais dos parques do Turvo, do Tainhas e do Delta do Jacuí e o Jardim Botânico de Porto Alegre.
As áreas naturais protegidas contribuem diretamente para a conservação de recursos naturais e culturais, preservando habitats da flora e fauna, colaborando em estudos e pesquisas científicas, por exemplo.
Abaixo, veja a situação atual de cada um dos espaços:
Parque Estadual do Turvo
A área de 17 mil hectares no município de Derrubadas, no Noroeste, é considerada por ambientalistas como uma das mais importantes do Estado para conservação da fauna ameaçada de extinção. Além de contar com uma vasta área de preservação de vegetação, o parque é o último refúgio para animais como a onça-pintada (Panthera onca) no Rio Grande do Sul. Outros animais do parque também estão ameaçados de extinção, como o puma (Puma concolor), a jacutinga (Aburria jacutinga), o cachorro-vinagre (Speothos venaticus) e o uiraçu (Morphnus guianensis).
De acordo com o presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Francisco Milanez, o parque conta com diversos tipos de vegetação endêmicas, ou seja, que se formaram sob as condições daquele local e são encontradas apenas ali.
No espaço, é possível encontrar árvores com até 30 metros de altura, como cedro (Cedrela fissilis), grápia (Apuleia leiocarpa), canjerana (Cabralea canjerana) e louro (Cordia trichotoma). Também existem diversas espécies de peixes, répteis, anfíbios, borboletas, insetos e fungos.
O salto do Yucumã é um atrativo a parte, com 1,8 mil metros de extensão e quedas d'água com até 12 metros de altura seguindo o curso do Rio Uruguai na divisa entre o Brasil e a Argentina. O salto foi formado devido a uma falha geológica que varia de 90 a 120 metros de profundidade.
A unidade passou a categoria de parque estadual em 1954, antes era considerada reserva florestal estadual, fundada em 1947.
Parque Estadual do Caracol
Um dos pontos turísticos mais populares do Estado, o parque do Caracol, em Canela, na Serra, é cercado por matas fechadas e oferece beleza cênicas, além da cascata do Caracol, que tem queda livre de 131 metros.
Com uma área de cem hectares, o local abriga animais da fauna silvestre, como tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), bugio (Allouata guariba), puma (Puma concolor) e gato-do-mato (Leopardus sp.).
Para o Estado, é tido como um relevante ponto de aproximação da sociedade com a natureza.
Parque Estadual Delta do Jacuí
Composto por uma junção de rios, o local atua como um imenso filtro natural e contribui para manter a potabilidade das águas do Guaíba e os bons níveis de produtividade de pescado.
A unidade de conservação foi criada em 1976 e conta com mais de 14 mil hectares de área que abrange os municípios de Porto Alegre, Canoas, Nova Santa Rita, Triunfo, Charqueadas e Eldorado do Sul, na Região Metropolitana. O local não oferece visitação ao público.
O parque é definido por Milanez como um pulmão a beira de Porto Alegre. Os ambientes protegidos no parque são relevantes para a conservação da flora e fauna, incluindo espécies raras, endêmicas e ameaçadas, contribuindo para pesquisas científicas.
Jardim Botânico de Porto Alegre
Definido por Milanez como um museu a céu aberto na Capital, o Jardim Botânico se dedica ao estudo e à conservação de espécies vegetais nativas do Rio Grande do Sul, no objetivo de preservar a biodiversidade do Estado. A entidade desenvolve pesquisas, conservação e educação ambiental.
O local abriga um vasto acervo científico de exemplares vivos da flora dos biomas do Estado, e conta ainda com o Museu de Ciências Naturais do RS e um zoológico.
Criado em 1953, o espaço conta com uma área de cerca de 36 hectares de verde em meio a cidade e recebe mais de 60 mil visitantes por ano.
Parque Estadual do Tainhas
Criado com objetivo de proteger campos e matas presentes no Vale do Rio Tainhas, no trecho situado entre os arroios Taperinha e do Junco, o parque abriga matas com araucária, campos e banhados. O local conta também com espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção.
O espaço tem predomínio de áreas campestres. Entre as espécies da flora ameaçadas de extinção encontradas no local estão o pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia), a imbuia (Ocotea porosa) e o xaxim (Dicksonia sellowiana). Das espécies da fauna ameaçadas, destacam-se o papagaio-charão (Amazona pretrei), o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea), a águia-cinzenta (Harpyaliaetus coronatus) e o puma (Puma concolor).
A unidade de conservação foi criada em 1975 e possui mais de 6 mil hectares, distribuídos em áreas dos municípios de Jaquirana, São Francisco de Paula e Cambará do Sul. O local não oferece visitação ao público.