O aniversário do Jardim Botânico de Porto Alegre não será celebrado como nos outros anos. Há quase seis meses fechado em razão da pandemia de coronavírus, o parque que completa 62 anos nesta quinta-feira (10) não tem ainda previsão de quando voltará a receber visitantes.
Mas para matar a saudade da área que resguarda uma boa parte das plantas nativas do Rio Grande do Sul — incluindo algumas espécies que já nem existem mais fora dali —, GZH providenciou um vídeo de um ângulo diferente, apenas com imagens de drone. O parque também prepara, para esta quinta, uma live com um tour pela área (veja mais informações abaixo).
Já na entrada do Jardim Botânico, pela Rua Doutor Salvador França, a recepção fica por conta de uma coleção de palmeiras enfileiradas, das primeiras árvores plantadas no parque. Subindo uma estrada rodeada de mata, surge um cheiro doce vindo de um Jasmin do Imperador — uma pena que não é possível sentir pela tela do computador.
Além de respirar fundo, quando puder voltar ao parque, uma dica é atravessar o chamado jardim rochoso (um muro de pedras com vários cactos) e procurar a árvore de erva-mate. Melhor ainda se tiver levado seu chimarrão, para compor a selfie temática.
Até mesmo o estacionamento, na parte alta do parque, guarda algumas surpresas para quem está disposto a admirar a natureza. A árvore mais alta, à esquerda de quem chega, é na verdade uma junção de três: um butiazeiro espremido no meio duas espécies de figueira.
O lago tomado por aguapés da espécie Salvinia você já deve ter visto em ensaios fotográficos de gestantes. Ali, há também a dupla mais popular da fauna do Jardim Botânico: duas fêmeas de cisne negro. Além da flora, estima-se que haja no parque cerca de 10 espécies de borboletas, 105 de aranhas, 129 de aves, 21 de anfíbios, sete de peixes, cinco de tartarugas e três de abelhas nativas.
O agrônomo José Fernando Vargas lembra que, quando foi inaugurado, em 1958, o Jardim Botânico tinha nas suas coleções plantas originárias do mundo inteiro. Foi a partir da década de 1970, seguindo um movimento mundial de conservar espécies regionais, que o parque passou a se focar nas nativas. Especialmente nas que correm o risco de desaparecer. Das cerca de 800 plantas ameaçadas de extinção no Estado, 145 estão presentes no parque — ou seja, quase 20% delas.
— O Jardim Botânico é como se fosse um museu a céu aberto, em que as peças são plantas — explica Vargas.
Espalhados pelos 36 hectares de área, há cerca de 4,3 mil plantas tombadas na coleção científica — ou seja, identificadas e categorizadas por sua classificação botânica, família ou formação florestal. São cerca de 2,3 mil exemplares de árvores no acervo científico.
Entre as plantas mais conhecidas e populares, por serem muito utilizadas como ornamentais, há cerca de 572 orquídeas, 730 bromélias e 218 cactos. O Estado possui cerca de 65 espécies de cactos, e ao redor de 80% dessas espécies estão no Jardim Botânico, segundo o chefe da Divisão de Pesquisa e Manutenção de Coleções Científicas do Jardim Botânico e do Museu de Ciências Naturais, Daniel Brambilla.
— O Brasil, que é o terceiro maior país no mundo em diversidade de cactos, possui 227 espécies, e o Rio Grande do Sul tem 30% das espécies nacionais, sendo muitas só encontradas aqui — acrescenta.
Há, ali no Jardim Botânico, um pedaço da Mata Atlântica, da Mata de Araucárias, da Floresta do Alto Uruguai e do Parque do Espinilho. E, assim que reabrir o parque, dá para levar para casa um pouco disso. O setor do viveiro comercializa espécies de mudas florestais nativas do Rio Grande do Sul.
Tour ao vivo pelo Jardim Botânico
Nesta quinta-feira (10), das 11h às 11h40min, ocorrerá uma live no Facebook da Secretaria Estadual de Meio Ambiente com um passeio em tempo real pelo parque.
Além de mostrar as belezas da área, a transmissão compartilhará uma série de particularidades do parque aniversariante.