O dólar firmou queda ante o real nos negócios da tarde, testando os menores níveis em um ano, na casa dos R$ 4,96. Foi a primeira vez que a moeda norte-americana encerrou um pregão abaixo de R$ 5 desde 10 de junho de 2020, quando terminou em R$ 4,93.
No fechamento, o dólar terminou a terça-feira (22) em baixa de 1,13%, cotado em R$ 4,9661. No mercado futuro, o dólar para julho, que vence no próximo dia 1º, cedia 0,89%, a R$ 4,9730 às 17h33.
Uma confluência de fatores externos e internos ajudaram a retirar pressão do câmbio. Internamente, a sinalização na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), de que o ritmo de elevação da Selic já poderia ter se intensificado na reunião da semana passada levou instituições — como o Itaú, o Bank of America e o ASA Investments — a aumentarem a aposta de juros mais altos pela frente no Brasil, o que torna o país mais atrativo para o capital externo.
Lá fora, a moeda norte-americana intensificou à tarde o ritmo de queda ante moedas fortes e alguns emergentes, com os juros longos também passando a recuar. O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, em depoimento no Congresso, descartou alta de juros "preventiva" e afirmou que os fatores que pressionam a inflação perderão fôlego e o quadro deve se normalizar, sinalizando que não há pressa para elevar os juros.
Operadores observaram ingresso de capital no Brasil e vendas da moeda antecipando fluxo futuro, em meio a captações de empresas e busca de retorno por investidores. A XP deve fechar sua primeira emissão externa de títulos de dívida na quinta-feira (24). O Banco Inter precifica sua oferta de ações, que pode bater em R$ 5,5 bilhões, também na quinta, enquanto a EcoRodovias define na tarde desta terça sua captação na B3, que pode chegar a R$ 2,2 bilhões. Estrangeiros tendem a participar com 30% a 40% destes montantes.
A analista de moedas do alemão Commerzbank, You-Na Park-Heger, ressalta que o real vêm sendo a moeda de emergente com melhor desempenho recente no mercado internacional, conseguindo se beneficiar da abordagem mais dura do Banco Central na elevação de juros. E nesta terça não foi diferente, com a ata reforçando a aposta de mais altas pela frente. Após a divulgação do documento, o Bank of America elevou a projeção da Selic de 6,5% para 7,0% para o fim de 2021. O banco americano espera duas elevações da taxa em 1 ponto porcentual, em agosto e setembro.
Nos negócios da manhã, havia um clima de maior cautela nos mercados internacionais e o DXY, que mede o dólar ante divisas fortes, subia, superando o nível de 92 pontos, nas máximas em algumas semanas ou meses ante moedas como o dólar canadense, ressalta o analista sênior de mercados do Western Union, Joe Manimbo. O bitcoin chegou a despencar 12% e os juros longos americanos tiveram altas. À tarde, este movimento se inverteu, o bitcoin passou a subir e os juros longos começaram a recuar, o que abriu espaço para o dólar cair abaixo de R$ 5.