Quando as principais autoridades em saúde animal do planeta se reunirem em Paris, em 27 de maio, para conceder ao Rio Grande do Sul o status de zona livre de febre aftosa sem vacinação, a 10.275 quilômetros de distância da capital francesa o produtor rural Tranquínio Menegassi pretende tirar da caixa o Todeschini rubro de 120 baixos e entoar no acordeom uma canção em homenagem a Cola Branca, Bonito, Parecido, Carvão, Salino e Gaúcho. O sexteto formava três juntas de bois mantidas na propriedade da família em Joia, no noroeste do Estado, e foi abatido a tiros numa manhã de 2000. Em seis meses de matança, o emprego inédito do rifle sanitário no país levou à cova 11.067 animais, muitos deles chamados pelo nome, como os de Menegassi, o primeiro morador da região a suspeitar que boa coisa não era aquela baba com casca de ferida que pendia da boca das vacas.
Febre aftosa
Animais doentes e transmissão contida a tiros: a história do vírus que prejudicou a pecuária gaúcha e só agora será vencido
Duas décadas após o último registro da doença, Estado está prestes a obter certificado de zona livre sem vacinação, status que amplia em US$ 1,2 bilhão o potencial de novos negócios no campo