O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) se disse surpreso com a decisão da Ford de fechar as suas fábricas no Brasil, anunciada nesta segunda-feira (11). A medida, anunciada em comunicado, deve ceifar 5 mil empregos nas fábricas de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE).
— Não é uma notícia boa. Eu acho que a Ford ganhou bastante dinheiro aqui no Brasil e me surpreende essa decisão que foi tomada aí pela empresa. Empresa que está no Brasil há quase 100 anos, desde 1921. Eu acho que ela poderia ter retardado isso daí mais é aguardado. Até porque o nosso mercado consumidor é muito maior do que outros aí — afirmou Mourão ao jornal O Globo.
A fala de Mourão não foi a única reação do governo federal à decisão. Mais cedo, o Ministério da Economia declarou, em nota, que a medida destoa "da forte recuperação da indústria" e responsabilizou o chamado "Custo Brasil", um termo utilizado para descrever a carga tributária do país.
"A decisão da montadora destoa da forte recuperação observada na maioria dos setores da indústria no país, muitos já registrando resultados superiores ao período pré-crise. O ministério trabalha intensamente na redução do Custo Brasil com iniciativas que já promoveram avanços importantes. Isto reforça a necessidade de rápida implementação das medidas de melhoria do ambiente de negócios e de avançar nas reformas estruturais", afirmou o ministério. A indústria, entretanto, teve queda de 5,1% no PIB acumulado de janeiro a setembro de 2020, segundo o IBGE. Os dados do último trimestre ainda não foram divulgados.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também se manifestou no mesmo sentido, mas aproveitou para fazer críticas ao governo Bolsonaro.
"É uma demonstração da falta de credibilidade do governo brasileiro, de regras claras, de segurança jurídica e de um sistema tributário racional. O sistema que temos se tornou um manicômio nos últimos anos, que tem impacto direto na produtividade das empresas. Espero que essa decisão da Ford alerte o Governo e o parlamento para que possamos avançar na modernização do Estado e na garantia da segurança jurídica para o capital privado no Brasil", afirmou Maia no Twitter.