Não foi apenas a saúde humana que esteve a perigo neste ano atípico. A vitalidade econômica de países ao redor de todo mundo foi igualmente colocada à prova, e milhares de negócios – desde o pequeno comércio de bairro até empreendimentos de maior porte – não sobreviveram a 2020. Mas outros tantos conseguiram se reinventar, abraçar protocolos de segurança sanitária, novas tecnologias ou até mudar de ramo para se manter a salvo.
No Brasil, o impacto do coronavírus fez o Produto Interno Bruto (PIB) despencar 9,7% no segundo trimestre em comparação com os três meses anteriores. Foi o maior mergulho econômico da série histórica calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 1996.
O esforço de trabalhadores e empresários fez com que, no semestre seguinte, já houvesse um crescimento de 7,7%. Mas, ainda assim, na vida real das calçadas, shoppings e pisos de fábrica, não houve como evitar o fechamento de pequenas empresas, lojas, mercadinhos e restaurantes que ajudavam a caracterizar vizinhanças.
Sou transportador escolar e estou há mais de 140 dias parado. Nesse tempo, fiz curso e abri uma empresa de higienização e limpeza de estofados. Espero que, quando a pandemia passar, eu consiga conciliar as duas atividades.
PALAVRA DO LEITOR ANACLETO GOMES RIBEIRO
Empreendedor em Sapiranga
Houve muitas demissões: em novembro, foi divulgada uma taxa nacional recorde de 14,6% de desemprego – o equivalente a mais de 14 milhões de brasileiros. Para superar esse cenário, empreendedores e funcionários lutaram como nunca: adotaram novas regras de higiene, investiram em atendimento remoto, telentregas ou até mudaram de ramo na tentativa de encontrar uma vacina para a debilidade econômica provocada pela pandemia. O auxílio emergencial entregue pelo governo federal também ajudou, garantindo que muitos brasileiros de baixa renda se mantivessem no período difícil.
No fundo, pregam economistas, a retomada total e a volta do que nos acostumamos a chamar de normalidade depende do setor de serviços, que é justamente o mais afetado pela crise sanitária.
Melhoras à vista?
"A recuperação do PIB deve seguir em 2021, ainda que com desafios ao Estado e ao país. Será preciso reinserir muita gente que perdeu o emprego. E teremos de aumentar a produtividade e fazer reformas que permitam reduzir gastos. O governo, que foi fundamental para evitar uma queda ainda maior, não tem condições de sustentar indefinidamente a economia."
Oscar Frank, economista-chefe da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA)