Em 2020, a vida, para muitas pessoas, foi vista da janela de casa ou do carro – e também pelas telas do computador e do celular. No início da pandemia, o confinamento proporcionou situações difíceis e, em alguns casos, inusitadas, como a dos vizinhos que, apesar de morarem há anos no mesmo condomínio, só agora acabaram se vendo um ao outro.
O distanciamento também fez proliferarem os encontros online. Datas importantes como aniversários, formaturas e até casamentos foram realizados via videoconferência. E as lives musicais se tornaram sucesso de audiência.
A sertaneja Marília Mendonça chegou a 3,31 milhões de visualizações simultâneas (54 milhões no total) em um show de 8 de abril. No dia 18 do mesmo mês, a One World: Together At Home, live organizada por Lady Gaga, arrecadou US$ 127,9 milhões. O dinheiro da “live das lives” foi destinado a os profissionais de saúde.
A criatividade foi sendo ampliada conforme eram flexibilizadas as interações entre as pessoas durante o ano. Surgiram, por exemplo, as charreatas, carreatas personalizadas para celebrar a chegada de um bebê. Coloridos com cartazes e balões, os carros passam uma ou mais vezes em frente à casa da gestante e deixam os presentes no ponto de recolhimento. Os automóveis também foram as estrelas nos drive-ins para ver filmes ou espetáculos teatrais e musicais.
A mudança de 2020 foi enlouquecedora. O mais difícil foram as aulas online. A festa de aniversário do quarteto (ela é mãe de quadrigêmeos), sempre esperada, foi comemorada pela telinha. Só não faltou amor.
PALAVRA DA LEITORA PATRICIA DOMINGUES
Fonoaudióloga de Porto Alegre
Na falta de interação presencial, o game Among Us alcançou enorme popularidade por ter o foco na análise das pistas e na interação entre os personagens. Segundo a pesquisadora em Psiquiatria da Infância Patrícia Bado, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o sucesso do jogo multiplayer pode estar associado ao distanciamento social, que dificultou a interação das crianças com amigos e familiares.
Foi um ano diferente, mas cujos hábitos até então inusuais, em vários casos, podem se tornar mais comuns daqui para a frente?
Aprendizados da pandemia
"No entretenimento, aprendemos que é bom ter variedade de experiências. as pessoas vão seguir almejando shows e eventos presenciais, mas as experiências via streaming também são um caminho para o consumo. Talvez chegaremos a coisas híbridas, como shows com espectadores em casa e no local. O importante é que haja políticas públicas de ajuda a quem trabalha com economia criativa."
Adriana Amaral, pesquisadora da Unisinos