Dois especialistas médicos pouco conhecidos do grande público ganharam protagonismo neste ano: o infectologista e o intensivista. O primeiro, guiando ações de prevenção individuais e coletivas e desvendando o comportamento do coronavírus no corpo humano. O segundo, no cenário mais dramático da linha de frente contra a covid-19, orientando os cuidados complexos de que pode necessitar o doente que se encontra em estado crítico em uma unidade de terapia intensiva (UTI).
O time dos profissionais de saúde expostos ao risco permanente de contaminação é numeroso: enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos, além dos representantes de várias outras áreas da medicina. Equipes de higienização também circulam nos ambientes mais arriscados, mantendo o nível obsessivo de limpeza exigido pela crise sanitária.
Em outro front, igualmente fundamental, uma multidão de trabalhadores anônimos permitiu que as cidades continuassem operantes em 2020, contemplando as necessidades de toda a população: motoristas, entregadores, funcionários de serviços essenciais como supermercados, farmácias e postos de combustíveis.
Em 2020, redefini minhas prioridades. O que merecia atenção e amor ganhou mais espaço. Prevaleceram a gratidão e a fé e, às vezes, o medo e a indignação pela falta de senso de coletividade que via.
PALAVRA DA LEITORA ROSÉLIA BERNARDES
Coordenadora administrativa do hub 4all e voluntária em ação de evnio de mensagens a infectados por covid
Ações solidárias se multiplicaram para amparar os mais vulneráveis durante o ano. Grupos se mobilizaram para distribuir alimentos e produtos de limpeza nos bairros de periferia, telefonar para idosos isolados em casas geriátricas, escrever cartas para pacientes impossibilitados de receber visitas em leitos hospitalares. Funcionários da 4all, hub de empresas de tecnologia de Porto Alegre, por exemplo, enviaram mais de 50 correspondências com mensagens otimistas para doentes com covid-19 no Hospital Conceição, em uma tentativa de aplacar a solidão.
– Que emocionante. Que bonito! Queria ver essas pessoas – disse uma paciente ao receber sua mensagem.
Os próximos desafios
"Em 2021, o combate à covid-19 será pautado por duas estratégias de prevenção: vacina e comportamento social. As vacinas auxiliarão a ciência a avaliar quão protetora é essa estratégia em maior escala. Enquanto isso, precisamos manter as medidas de prevenção reconhecidas cientificamente como eficazes: uso de máscara e distanciamento social."
André Luiz Machado da Silva, infectologista do Hospital Conceição