O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se recusou a comentar as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que reforçou, na última sexta-feira (16), a possibilidade de criação de uma nova CPMF para financiar a desoneração da folha de pagamento das empresas.
— Eu não vou brigar com o ministro Paulo Guedes, não vou entrar nesse debate — disse Maia, em webinar promovido pela XP Macro Sales neste sábado (17).
Maia também disse ser contra a possibilidade de estender o estado de calamidade pública, o que impossibilita a prorrogação do auxílio emergencial. Na noite de sexta-feira, em live em inglês organizada também pela XP, Guedes disse que "enquanto as pessoas não vierem com uma solução melhor, eu prefiro a segunda melhor, que é esse imposto de merda".
Maia reconheceu que as últimas altercações com o ministro da Economia elevaram a insegurança para os agentes econômicos e disse ter prometido que não protagonizaria novos conflitos com Guedes até 1º de fevereiro, quando acaba seu mandato como presidente da Câmara.
Ele também afirmou ter dado a palavra de que, se o governo encaminhar a proposta de criação da nova CPMF, ela vai tramitar sem impedimentos na Câmara.
— Mas o governo tem de encaminhar e, a partir daí, vamos debater —acrescentou.
Reforma tributária
Maia afirmou que corporações ligadas ao Fisco em âmbito federal, estadual e municipal não desejam as mudanças trazidas pela reforma tributária porque "não querem perder poder". Ele também criticou a postura do empresariado brasileiro em relação à reforma.
— Me irrita muito essa paixão dos empresários por reforma administrativa e previdenciária. E quando chega a tributária, eles falam: "vamos deixar para depois" — criticou.
O presidente da Câmara disse ainda que a adoção de um Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) será uma "grande revolução" e abrirá espaço para o encerramento de litígios judiciais e para redução dos custos das empresas. Ele também se mostrou otimista com a tramitação da reforma tributária.
— Há ambiente para aprovar — declarou.
Maia ponderou, por outro lado, que a reforma não pode ser aprovada no Congresso sem a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele citou ainda o receio entre os prefeitos das capitais de que haja perda de receitas.
— Pelo contrário — disse.
O presidente da Câmara também citou preocupação de Guedes em relação aos fundos de desenvolvimento regional, que poderiam retirar receitas do governo federal.
— Isso não vai acontecer — afirmou.