Os novos hábitos de higiene impostos pela prevenção ao coronavírus deram impulso a investimentos previstos na fabricação de itens de limpeza.
O mesmo ocorreu no segmento de alimentos, com o crescimento nas vendas influenciado pela reclusão em casa nos últimos meses.
No Rio Grande do Sul, indústrias e comércios estão realizando ampliações em meio à crise econômica gerada pela pandemia. Conheça três exemplos.
Com alta nas vendas, ampliação da fábrica
A pandemia trouxe como uma de suas principais lições a importância dos hábitos de higiene pessoal e da constante desinfecção de ambientes e objetos para evitar o contágio. Com isso, fabricantes de produtos de limpeza viram a demanda disparar. É o caso da Girando Sol, que, em abril, no auge da paralisação das atividades econômicas no Rio Grande do Sul, anunciou aporte de R$ 40 milhões para ampliar a linha de produção em Arroio do Meio, no Vale do Taquari.
De março a abril, na fase inicial da pandemia no país, a companhia chegou a registrar alta de até 60% nas vendas em relação a igual período de 2019. Itens como desinfetante, detergente, água sanitária, amaciante e sabão em pó sustentaram o crescimento nos negócios na Região Sul e as exportações para Paraguai e Uruguai. Esse cenário foi o empurrão que faltava para o anúncio do plano de expansão, que era discutido há dois anos.
O investimento será feito de maneira escalonada e deverá ser conduzido até 2022. Cerca de 50% do valor anunciado vem de recursos próprios, que já estavam reservados, e outros 50% serão financiados. A primeira fase, com a expansão da linha de sabão em pó, será feita neste ano. A etapa consumirá em torno de R$ 20 milhões e, como resultado, dobrará a capacidade de fabricação do artigo. Para isso, já foram adquiridas novas máquinas.
Com a ampliação da estrutura em 6 mil metros quadrados, a Girando Sol começou a reforçar o quadro de funcionários. Das 50 novas vagas previstas, 35 já foram preenchidas. Com isso, a empresa chegou a 375 empregados.
Avanço com as exportações de carnes
Durante a pandemia, um dos poucos setores da indústria que seguiram com vendas em alta foi o de carnes. O avanço nos negócios, em parte, tem sido turbinado por exportações.
Diante do cenário dos últimos meses, a JBS mantém investimento no Rio Grande do Sul. Em dezembro, a empresa anunciou que aportaria R$ 1 bilhão no Estado no período de dois anos. Do total, R$ 500 milhões já foram investidos, segundo a companhia. A previsão é de que os outros R$ 500 milhões sejam destinados às operações gaúchas até o final de 2021. O aporte busca ampliar unidades produtivas da empresa. Os recursos fazem parte de um plano de investimento de R$ 8 bilhões no país até 2025.
A empresa também seguiu contratando. Desde março, foram cerca de 3 mil novos empregos. Até o início de agosto, 400 vagas estavam abertas para as operações gaúchas. No Estado, a JBS mantém oito fábricas de corte de carnes. Uma das unidades contempladas pelo plano de investimento é a de Passo Fundo, no Norte. No Rio Grande do Sul, a companhia ainda reúne centro de pesquisa, oito fábricas de rações, unidade de couros e 23 granjas de aves, entre outros.
Em entrevista neste mês à colunista de GaúchaZH Giane Guerra, Fernando Meller, diretor de recursos humanos da Seara, uma das marcas do grupo, explicou que as atividades atendem os mercados interno e externo.
— Ao todo, temos mais de 14 mil funcionários trabalhando no Rio Grande do Sul e mais 3 mil integrados, que são parceiros de negócios nas criações das aves e dos suínos. E temos mais 10 mil terceirizados, que atuam diariamente conosco nas nossas unidades — disse o executivo na ocasião.
A BRF, outra grande empresa do setor, também seguiu com contratações no Estado. Desde março, cerca de mil novos funcionários passaram a integrar a equipe. Até o fim do ano, a companhia pretende abrir mais 600 vagas no RS.
Expansão com negócio de ocasião
Inserido no rol de atividades essenciais que não pararam durante a pandemia, o setor supermercadista é um dos mais efervescentes em relação a investimentos nos últimos meses. Redes de diferentes portes vêm anunciando contratações e até mesmo a inauguração de novas lojas no Estado.
Com crescimento de 20% no faturamento no primeiro semestre em relação ao ano passado, a Anuar Pezzi está entre as empresas do ramo que decidiram colocar uma nova unidade em Porto Alegre. Dono de cinco lojas na Capital, o Pezzi já começou a formatar sua sexta unidade no bairro Cristal.
O supervisor da rede, Alex Santos, explica que o investimento acabou sendo definido por um negócio de ocasião. A empresa já mirava pontos na Zona Sul há algum tempo. No entanto, após o fechamento de uma academia na região, acabou encontrando o local ideal para colocar a loja.
— A oportunidade surgiu já em meio a pandemia. O proprietário do prédio nos disse que a academia estava fechando e, sem pensar duas vezes, batemos o martelo e decidimos assumir o prédio — conta Santos.
A unidade terá aproximadamente 1,2 mil metros quadrados e será erguida com aporte superior a R$ 1 milhão. A ideia é replicar a configuração de outras lojas da marca, como a do bairro Menino Deus, e abrir ao público a partir de novembro. Ao todo, 80 vagas de trabalho serão geradas no empreendimento. O processo seletivo será iniciado um mês antes da inauguração. E o Pezzi não deve parar por aí.
— Queremos seguir expandindo na Zona Sul e abrir outra loja ainda neste ano. Estamos indo atrás de crédito para isso — salienta Santos.
Atualmente, a empresa gera em torno de 300 empregos diretos. Com as duas novas unidades, a meta é terminar o ano com 500 empregados na rede.